O site Super Mario Bros. The Movie Archive divulgou uma bem sucedida entrevista com Richard Edson, o ator que interpretou o personagem Spike no filme Super Mario Bros. em 1993. Para quem ainda não sabe quem é o dito cujo, uma olhadela nessa postagem vai resolver todos os seus problemas e refrescar sua memória. Falando em refrescar a memória, esse foi o sentimento vivido por Richard Edson ao conversar sobre suas experiências com o filme e sobre seus pensamentos atuais sobre o projeto. Com permissão oficial de Ryan Hoss, editor do Super Mario Bros. The Movie Archive, o Reino do Cogumelo produziu a tradução completa da entrevista, um feito colossal que você pode conferir logo a seguir.
Richard Edson ["Spike"]: Certo. Pode disparar.
Ryan Hoss [webmaster do Super Mario Bros. The Movie Archive]: Okay. Primeiro, você pode falar um pouco sobre como você conseguiu o papel? Você teve que fazer alguma audição ou coisa do tipo? Como você se envolveu com o projeto?
RE: Essa é uma boa pergunta. (...) Isso é muito estranho porque eu costumo me lembrar de coisas assim, mas não me recordo... Ah, não, não! Eu fiz uma audição. Eu fiz. Foi engraçado porque eles fizeram o teste com duas pessoas ao mesmo tempo, ambos Iggy e Spike. Então, eles teriam duas pessoas entrando ao mesmo tempo, o que é estranho, porque você está basicamente competindo um contra o outro. Então, você não está numa situação de atuação na qual você gosta de trabalhar com alguém, mas basicamente, você quer ultrapassar a outra pessoa. Você não liga para o que o outro está fazendo. Então, eu me lembro de ter acontecido num estúdio de pesquisa da zona oeste de Hollywood; o cara com quem eu estava, eu me lembro dele estar muito nervoso, então eu tive que me acalmar ao mesmo tempo que o ignorava totalmente. Eu me lembro de ter sido difÃcil porque eu tive que fazer o meu ato e responder a ele, mas ele não estava me dando o que eu precisava, então acabei fazendo apenas o meu ato. Eu me lembro de nós andando juntos e ele sentindo que havia estragado tudo — o que ele meio que fez. Eu não me lembro do nome dele, mas foi assim que consegui a minha parte. (...) Aconteceu provavelmente na primavera daquele ano. Qual era, '94? '93?
RH: Provavelmente em '92. (...) Foi lançado no verão de 1993, então foi filmado em 1992.
RE: Então foi na primavera de 1992. O mais legal é que fizemos tudo em Wilmington, Carolina do Norte; na época era um "direito trabalhista" do Estado, ou seja, eles não reconheciam as uniões de modo que muitas empresas rumavam para a Carolina do Norte para trabalhar, porque era mais barato e... bom, não era lá um filme da Disney. Foi um filme independente. O Jake Shields... Não, era Jake...
RH: Jake Eberts [produtor do filme].
RE: "Jake Shields". Você sabe quem é Jake Shields?
RH: Não faço a menor ideia [risos].
RE: Ele é um lutador de MMA [risos]. (...) Eu estava em Nova York na época e, já que eu pretendia ficar lá por 10 semanas, eu dirigi de Nova York até Carolina do Norte, o que foi muito divertido, durante dois dias. Peguei um monte de estradas vicinais e acabei num lugar chamado... Como era o nome? "O Pântano". Ele era localizado na fronteira entre a Virginia e a Carolina do Norte. Era um ótimo nome. (...) Enfim, eles estavam gastando muito dinheiro para que nós nos sentÃssemos bem. Eu me alojei numa casa que tinha uns três dormitórios. Era localizada numa porção de água, e eu tinha um barco, assim como uma quadra de basquete — era como uma casa na qual as pessoas poderiam ficar juntas. Okay. Eu preciso de outra pergunta.
RH: Okay, bem, eu acho que a minha próxima pergunta é se o teste foi apenas para Spike, ou também foi para o Iggy? Ou foram partes intercambiáveis?
RE: Apenas para Spike. Eu tenho certeza de que foi para Spike, e eu não sabia quem interpretaria o Iggy antes de participar, que acabou sendo Fisher Stevens, o qual eu havia conhecido em Nova York. Mas o Fisher, ele é um ator um tanto quanto competitivo e eu poderia dizer naquele momento que isso acabaria se tornando, possivelmente, um problema. Tivemos a leitura através do primeiro ou segundo dia em que estivemos lá, onde todos os atores se reuniram com os diretores e, sabe, eram Annabel [Jankel] e Rocky [Morton]; ninguém sabia, na verdade, como tudo funcionaria com um "diretor de duas cabeças". Esta foi a nossa primeira vez juntos, e Bob Hoskins — que era o protagonista do filme, o mais famoso —, você o via reunido com Fiona Shaw, John Leguizamo e Fisher. Então, você tinha um monte de gente com uma forte formação teátrica.
Dennis Hopper não estava lá naquele dia, mas havia muita gente com esse peso teátrico e estávamos fazendo esse tipo de filme "cartoon" cujo roteiro estava sendo constantemente revisado; mas o script que tÃnhamos lido originalmente era diferente do script que lemos quando chegamos lá, porque estava sendo constantemente reescrito. Fiquei um pouco decepcionado com o novo roteiro, porque parecia ter imbecilizado tudo e fez com que todos parecessem muito bobos, pois antes ele era mais sólido. Em todo caso, todos nós nos reunimos na sala de leitura e isso causou muito nervosismo, porque era a primeira vez em que todos estavam juntos e lendo o roteiro juntos; fazÃamos nossas partes e é como se isso definisse o quanto você quer ser aquele personagem, como uma coisa experimental. Mas o interessante é que uma das primeiras falas foi de Bob Hoskins, o Mario, e ele as leu numa voz completamente monótona, sem inflexão nenhuma, apenas lendo por ler. Então, isso foi muito interessante, porque meio que deixou todos mais descontraÃdos. Se ele estava lendo o roteiro só por ler, todos poderiam se sentir mais descompromissados, o que é uma coisa boa. Eu gosto disso porque podemos nos familiarizar com o roteiro e com os outros, e não havia muita pressão; porém, certamente não houve nenhuma vivacidade, então, quando terminou, eu esperava que os diretores dissessem algo como "certo, essa foi uma boa primeira leitura. Vamos conversar sobre isso e pensar em ideias com relação aos nossos personagens", e isso e aquilo.
Mas o que aconteceu foi que os diretores ficaram "ohh, isso foi maravilhoso. Isso foi ótimo", e nos elogiaram. Foi aà que tive a primeira noção de que nós poderÃamos ter um problema, porque foi uma oportunidade de começar a fazer algo, mas eles ficaram satisfeitos e queriam prosseguir com outra coisa. Essa foi a única vez em que nós realmente ficamos juntos assim e tivemos a oportunidade de trabalhar nos personagens e no roteiro. Quando os diretores recusaram essa oportunidade, eu fiquei tipo "uh-oh". Então, isso meio que definiu o tom para o resto do filme [risos].
Steven Applebaum [editor/recursos humanos do Super Mario Bros. The Movie Archive]: É, parece que Rocky e Annabel não ligavam muito para os personagens ou para a história. Eles estavam interessados no visual.
RE: É. O que não era tão bom!
SA: Na verdade, acho que os visuais são ótimos, mas o filme em si sofre uma carência de roteiro necessário.
RE: Você disse que eles são ótimos?!
SA: Sim.
RE: Ah, você gosta dos visuais? Eu fiquei desapontado porque a maior parte do visual era do tipo design de produção, e não efeitos digitais. Tinha alguns efeitos visuais, mas na maior parte era design — e eles tinham pego uma velha fábrica de cimento que acabou se tornando o set de filmagens, mas em termos de efeitos... eu acho que foi uma oportunidade desperdiçada, porque a ideia principal de Super Mario Bros. era a de que cada fase era como um portal para outro reino, o que encaixaria perfeitamente numa aproximação mais digital ao design.
Mas lá, você tinha o Brooklyn e também... como é o nome? "Dino-Land" ou coisa assim?
RH & SA: Dinohattan.
RE: Isso, isso. Então, em termos de visuais, foi apenas um design de produção forte e não foi concebido do modo que achei que serviria melhor. É, eles definitivamente não pareciam muito interessados na história ou no diálogo ou em nada desse tipo. Ou nos personagens [risos].
SA: O que é uma vergonha, porque os personagens eram muito bons, especialmente o modo como foram originalmente descritos; até mesmo dentro do filme você pode ver o quanto eles são bons, mas nenhum deles é resolvido de modo que as pessoas os apreciem.
RE: Especialmente Iggy e Spike.
SA: Ah, definitivamente.
RE: Eles eram como um adendo. Pareciam. Mas eu acho que parte disso é porque o roteiro ficava mudando. O que é mesmo interessante é que, na noite em que deverÃamos fazer a nossa primeira cena, que era a cena de nós observando a Daisy na rua com um diálogo vai-e-vem, o diálogo escrito para nós era muito ridÃculo, então Fisher e eu criamos um plano para dar-lhes uma alternativa. "Vamos escrever nossa própria sugestão de diálogo e, se tivermos tempo, vamos fazer o deles e, em seguida, vamos fazer o nosso". Então, nós fizemos o deles, e ficou previsivelmente ridÃculo, mas nós fizemos o melhor; e então, nós dissemos "hey, Annabel, Rocky... Nós tomamos a liberdade de melhorar o diálogo. Querem ouvir?". [Eles disseram] "Sim, sim, sim. Vamos filmá-lo", e nós tÃnhamos tudo preparado. Então, nós fizemos o nosso diálogo, ele ganhou risos, eles adoraram e o diálogo foi eventualmente usado; a partir daquele momento nós ganhamos a permissão e a licença para reescrever o nosso diálogo, criar novas cenas e qualquer outra coisa. Eles ficaram tão felizes que Fisher e eu começamos a trabalhar nas cenas criando nossos próprios diálogos; chegamos num ponto onde nós nem usarÃamos mais o diálogo deles.
E foi uma loucura, porque eu nem me lembro deles nos perguntando o que era. Nós apenas entrávamos, ensaiávamos e, então, filmávamos. Sabe aquela coisa toda com... eu me lembro de nós nos tornando mais espertos e entrando na máquina... Acredito que aquilo tenha sido ideia minha e, sabe, eu meio que me inspirei em O Mágico de Oz, quando o mágico dá ao Leão a sua coragem e ao Homem de Lata seu coração, e por isso, eu usei todos esses cálculos. Eu sairia da máquina e teria todos esses cálculos matemáticos. Eu apareço com isso e multiplico um número estranho como 1.099 por si mesmo, e resulto num número que ninguém nunca iria verificar que, na verdade, seria a raiz quadrada de qualquer número que eu tenha dito que era, e eles ficaram tipo "ah sim, isso é ótimo! É, é, é...".
Mas o que aconteceria é que Fisher e eu dividirÃamos as falas em exatamente 50% para cada. Então, se ele tinha uma fala, eu tinha uma fala. Se eu tinha duas falas, ele tinha duas falas. Nós nunca conversamos sobre isso, mas eu sabia que, com Fisher sendo o tipo de cara que gosta de ser o centro das atenções, eu tinha de ter bastante cuidado para ter certeza de que estávamos em 50% até o final: ele tinha uma fala, eu tinha uma fala. Fala, fala, fala, fala; vai-e-vem, vem-e-volta; e essa é uma das formas com que concebemos nossos personagens e também o modo como planejamos trabalhar juntos.
SA: Bom, o engraçado sobre a resposta que você dá para aquele cálculo matemático é a de que ela está, na verdade, errada.
RE: Ela está errada?
RH: Sim. Bem, no filme você diz "qual é a raiz quadrada de 26.481", e a resposta que você dá é 191; quando, na verdade, essa é a raiz quadrada de 36.481.
RE: Ah, bom, acho que eu tentei memorizá-lo, mas quando chegou a hora, eu não pude lembrar e fiquei tipo "somente os nerds cinéfilos extremos como vocês vão tentar--
RH & SA: [risos]
RE: --tentar decifrar isso", então eu fiquei tipo "eu é que não vou arruinar a performance tendo que decorar isso..."; eu não me lembro porque memorização — e coisas do tipo — não é o meu forte, de qualquer modo, então eu tentei decorar o número certo, mas quando estava na hora da minha atuação eu já estava tipo "eu vou dizer qualquer número que pipocar na minha cabeça. Se estiver certo, certo, se não estiver, eles vão entender", então, obrigado por me lembrar disso.
RH & SA: [risos] Bem, sabe, o engraçado é que eu acabei de imaginar algo ao escutar você falando sobre ter sido influenciado por O Mágico de Oz. Naquele filme, quando o Espantalho ganha seu diploma e diz aquele monte de coisas para fazer com que ele se pareça esperto... as coisas que ele diz nesse filme também estão erradas.
RE: Ah, legal. Então venho de uma boa tradição.
RH: Então, ela realmente funciona muito bem.
RE: Ah, legal. Sinta-se livre para falar sobre isso. Eu realmente não me importo. Não é algo com o qual estou particularmente orgulhoso ou envergonhado. Foi muito engraçado porque, dada toda a liberdade para fazer o que querÃamos fazer, também ganhamos a responsabilidade de tornar tudo excelente, mas era estranho, porque o fato de nos tornarmos inteligentes nunca teve muito a ver com a história, partindo desse ponto. Acho que foi mais para demonstrar as capacidades da máquina, que algumas pessoas ficariam espertas e que outras seriam regredidas. Algumas pessoas poderiam evoluir, e outras, regredir. É isso mesmo, que eu me lembre?
RH & SA: Sim.
RE: Então foi um tipo de demonstração da máquina. Mas é engraçado porque nós conversávamos sobre ela o tempo todo com eles. "Okay, e agora, o que acontece?", porque nós meio que desaparecemos lá pela última terça parte do filme ou coisa parecida, mas eles não pareciam tão preocupados com isso [risos].
SA: Na verdade, essa é uma mudança interessante, porque no roteiro de filmagem original, temos Iggy e Spike desevoluÃdos e ainda mais burros. Então, eles originalmente retornaram para a última terça parte do filme, mas eles não fazem nada a partir desse ponto a não ser comer lixo.
RE: É, e surgimos com a ideia de que seria mais interessante e mais divertido se, de repente, nos tornássemos espertos, e conseguimos... Eu acho que a ideia era basicamente a de percebermos que estávamos trabalhando para este idiota, o Rei Koopa, e simpatizarmos com os Super Mario Bros. (...)
SA: Quanto à evolução/desevolução de seus personagens, algumas pessoas pensam que eles na verdade ainda estão burros, considerando que Spike faz aquele cálculo errado e que eles mais tarde dirigem o carro para fora do penhasco no deserto. Na verdade, eles não estão mais espertos, apenas com um vocabulário maior.
RE: Bem... [risos] Quer dizer, foi... Eu acho que foi uma tentativa de nossa parte de adicionar um outro elemento à história, do qual nunca foram tiradas vantagens, então acho que isso pode ser visto desse modo. Então, sim, eu acho que nós erramos os cálculos [risos] e dirigimos para fora do penhasco.
E eu acho que na época em que estávamos dirigindo por sobre o penhasco, eles tinham demitido os diretores e o diretor de fotografia. É isso mesmo, o diretor de fotografia original foi demitido logo depois da primeira semana, e o diretor de fotografia vencedor do Oscar Dean Semler foi contratado; foi quando demitiram o Rocky e a Annabel. Eu nem sei se eles os demitiram. Eles só disseram para eles deixarem a produção, e o Dean assumiu. E, tão ineficaz como eram Rocky e Annabel, Dean foi ainda pior, porque eu me lembro que sua direção era basicamente-- ele é um cara enorme... e sua direção se baseava em te empurrar para o lugar no qual você deveria estar. Ele dizia: "ah, não, não! Não fique aà parado! Fique aqui!". Ele é um cara enorme, e eu me lembro que ele quase me erguia e me colocava para baixo, e eu ficava tipo "ah, tudo bem. Esse é o seu estilo de direção". Ele não era tão preocupado com personagens e história. Basicamente, ele estava apenas preocupado com a composição.
Então, acho que por esse ponto foram umas três semanas adicionais. Nós todos estávamos sendo pagos, mas todos estavam praticamente desistindo, e estávamos basicamente contando as horas, porque não fazia sentido. Nada realmente fez algum sentido em toda a produção até aquele ponto, exceto que nós estávamos tendo um verão ótimo; foram provavelmente, que eu me lembre, umas 10 ou 12 semanas curtindo a vida na Carolina do Norte. Sabe, ganhando mais dinheiro do que nunca, obtendo minha própria casa e barco.
Eu me lembro de quando minha irmã e sua famÃlia vieram me visitar, e é óbvio que eu tinha mais do que espaço suficiente para hospedá-los. Aà eu levei eles para o set de filmagens, e eu me lembro daquele dia por causa dos Goombas — eles tinham que usar essas ombreiras enormes de alumÃnio que estendiam o tamanho do corpo, e no topo das ombreiras tinha uma cabecinha, e eles podiam projetar o figurino a partir daquela coisinha estrutural de dentro, e esses caras andavam o dia todo no verão carregando toneladas de roupas e infraestrutura de alumÃnio, sei lá — e, por isso, eles tinham uma massagista para eles em tempo integral, as quais eles não aproveitavam muito... mas eu gostaria de aproveitar o tempo todo!
Ela era uma garota local muito bacana, e estava lá, sendo paga e mais do que feliz em fazer massagem nas pessoas, e então eu me lembro que eu estava levando o meu sobrinho Eric para passear, [dizendo] "hey, Eric. É aqui que os Goombas ficam", e eu mostrei-lhe todos os Goombas, as fantasias e as cabecinhas; [a massagista] estava disponÃvel, então eu disse "hey, Eric. Espera um segundo. Eu vou receber uma massagem rápida", e é claro, eu me esqueci dele e saÃ... ele ficou chorando porque eu tinha abandonado ele. Eu ainda me sinto mal por isso. E olha que ele era um garoto forte, ele não chorava muito. Eu acabei deixando ele ali, sentado, basicamente, num quarto cheio de fantasias vazias de Goombas enquanto eu tive uma massagem maravilhosa.
RH & SA: [risos]
RE: Eu acho que foi um pouco perturbador para ele. Imagino se ele já conseguiu superar aquilo.
SA: Bem, é lamentável que no momento em que eles começaram aquela sequência do deserto, a filmagem tenha sido menos trabalhada, porque toda a sequência do deserto tinha de ser um respiradouro para o filme. Eles só se apressaram com ela porque queriam voltar à ação, e o terceiro ato realmente sofre por causa disso.
RE: Ah, se você diz... [risos] Eu fiquei sabendo que vocês iam me perguntar sobre o rap. Como é que vocês ficaram sabendo disso?
RH: Há um card no jogo de troca de cartas que tem uma foto de vocês fazendo rap e uma pequena descrição sobre a cena. Foi aà que ouvimos sobre isso pela primeira vez, mas também há a revista Super Mario Bros. The Movie, que traz uma página com Iggy e Spike com a letra completa [do rap].
RE: É mesmo?
RH: Sim, é isso que parece ser.
RE: Ah, legal, poque tÃnhamos muita liberdade e eu acho que "nós" — Fisher e eu, assim como todos os demais no elenco — acreditávamos que o filme precisava do máximo de melhoria possÃvel. Nós tivemos uma ideia que era uma espécie de introdução à cena do clube noturno. Ela tinha algo a ver com o pequeno cristal; o Koopa estava procurando por ele naquele momento, e estava com a Daisy... ou com outra pessoa. Tanto faz. Basicamente, a cena tinha todas as dançarinas de Wilmington. Qualquer garota que pudesse dançar foi contratada para essa cena de coreografia elaborada que funcionava como a introdução para o clube noturno. Então, o Fisher e eu, é claro, sendo altruÃstas e pensando apenas no filme, percebemos que "bom, dançarinas são legais, mas... não seria ótimo se isso fosse integrado com algo que tenha mais a ver com os personagens?". Então, tivemos essa ideia. E por "nós", quero dizer "eu", mas ainda estando naquele modo em que tivemos que dividir tudo. Era sempre "nós", mas foi definitivamente eu que surgi com isso por causa da minha formação musical.
"King Kooper the pooper scooper" era o refrão, e nós trabalhamos com isso e eu pensei... o que nós tÃnhamos? Na verdade eu tinha uma pequena máquina de ritmo, ou gravei um ritmo, ou consegui um ritmo em algum lugar, e o coloquei num gravadorzinho para ensaiarmos em cima disso; em seguida, nós o levamos para o set, e dissemos "hey, Rocky, Annabel. Nós temos esse pequeno rap que pretendemos fazer. AdorarÃamos tocá-lo para vocês". E foi engraçado porque isso aconteceu durante a filmagem de alguma coisa e havia, tipo, 25 pessoas ao redor, então pensamos em dar a eles a ideia de, mais tarde, nos movermos para um lugar um pouco mais privado... foi quando eles disseram "ah, tudo bem, vamos ouvir", e nós dissemos "agora?", e eles "sim, por que não?". Já que a caixa de som estava conosco, nós a ligamos, tocamos e todos eles adoraram. Todo mundo adorou. Foi decidido, então, que [o rap] seria uma parte da cena do clube noturno. Eu acho que nós filmamos. Eles fizeram a coreografia em torno da música... e, para a nossa decepção, eles tiveram que cortar a cena. Steve, você me disse que o motivo que os levou a retirar a cena era porque achavam que fosse um pouco madura demais, ou algo do tipo?
SA: Sim, essa é uma de nossas teorias, porque temos algumas fotos dessa cena, e há algumas dançarinas picantes, insuficientemente vestidas, cuja exibição direta pode não ter sido aprovada num filme direcionado às crianças.
RE: Eu acho que ficaria bom. Eu não faço ideia. Eles nunca me contaram ou me perguntaram sobre isso, então eu fiquei decepcionado porque foi algo muito divertido de fazer, e nós o fizemos muito bem, porque, assim como todos, nós trocamos nossas linhas e depois fizemos um coro unÃssono, como um rap de verdade.
Eu já tinha contato com o gênero rap e o Fisher fez um pequeno estudo sobre isso, então ele aprendeu tudo bem rápido, e eu mostrei a ele como fazê-lo, e nós fizemos. Mas essa é a única coisa que eu me lembro, "King Kooper the pooper scooper".
RH: Nós podemos te mandar a página. Nós a temos online.
RE: Ah, legal. Sério? (...) E eu me lembro-- Ah, esta é uma outra história engraçada... Eu tinha um bigode?
RH: Tipo um cavanhaque.
RE: Eu tinha um cavanhaque. Certo. Nós trabalhamos dois dias e então nós tivemos uma semana de folga, e então eu voltei para o trailer de maquiagem e me sentei para aparar a barba, porque deixei ela crescer um pouco, e o cara da maquiagem fez o serviço. [Porém, eu disse] "Ah, não, não. O cavanhaque não está igual. Acho que você ainda tem que fazer alguma coisa. Você tem que aparar mais ou coisa do tipo". E ele me disse: "Não, eu não preciso. Está igual". Eu disse, "não, não está igual. É o meu personagem. Eu conheço", e ele me disse "você está tentando me ensinar a fazer o meu trabalho?". Eu disse: "Não, mas eu sei como ele era", e então ele começou a gritar comigo e me disse para "sair da %$#@ do seu trailer de maquiagem". Eu fiquei tipo, "você tá zoando com a minha cara?", e ele ficou lá, gritando, e eu me irritei muito. Eu saà de lá porque ele parecia descontrolado. Aà eu parti, e acho que fui falar com o produtor, que era o Jake...
RH: Roland?
RE: Eu acho que foi o Roland, sim. Eu falei para ele: "Olha só. Isso é inaceitável. Ele está errado e você tem que fazer alguma coisa com relação a isso porque eu não posso nem olhar para esse cara, e se eu tiver que trabalhar com ele...". Então, ele foi lá, e o jogo virou quando eles viram as fotos e perceberam que eu estava obviamente certo. Então, ele disse "bem, você está certo. Ele pede desculpas". [Eu disse:] "Não. Eu quero que ele peça desculpas para mim na frente de todo mundo". Então, o cara o fez, e eu disse algo como "agora faça a %$#@ do seu trabalho do jeito que você deveria". Eu não sei qual era o problema dele, porque ele não era um cara ruim, e foi uma coisa da qual nós acabamos rindo depois; mas isso foi uma parte de toda a experiência na qual as coisas não estavam do jeito que deviam estar.
RH: Falando de novo sobre o rap, você se lembra exatamente de como ocorreu a transição da cena? Estou tentando imaginar como ela funcionou no filme.
RE: A cena não é introduzida pela música e pela dança?
RH: Sim. Iggy, Spike e os Irmãos Mario entram no clube com os trajes de discoteca que vocês deram, e então Iggy e Spike vão ao bar tomar um drinque enquanto os Irmãos Mario estão na pista de dança.
RE: Ahh. Certo. Eu acho que eles devem ter filmado... Bom. Eu não sei, para falar a verdade. Talvez quando nós chegássemos, eles estariam na pista de dança enquanto nós estarÃamos fazendo o rap. Eu não tenho certeza. É claro, havia dois escritores lá. O roteiro mudava o rempo todo. Havia Roland, e havia Jake. Todo mundo gostava do fato de que todos estávamos trabalhando juntos, mas acho que isso talvez tenha sido uma daquelas coisas do tipo "bem, nós vamos pensar nisso mais tarde. Vamos consertar isso na edição"; ou, talvez, esse possa ter sido o motivo [para o corte da cena]: não houve transição, então eles não poderiam fazer com que a cena funcionasse dessa maneira. Mas isso é especulação total da minha parte.
RH: Certo. Bom, há um tempo nós conversamos com o editor. Steven, ele não disse que a cena já estava no filme em certo ponto como uma cópia de trabalho?
SA: Acredito que sim. A única coisa que eu me lembro com certeza é a de que eles disse que a cena não foi removida para diminuir a classificação etária. Ele não disse nada sobre a classificação, mas isso foi apenas a memória dele. Nós não podemos ter certeza de nada a este ponto.
RH: Então, em termos de cenas deletadas, parece que há muita coisa que não foi para o filme, do mesmo modo que o rap. De improviso, você se lembra de alguma coisa que tenha feito com Iggy e Spike que não esteja no filme?
RE: Não. Eu acho que é a única coisa, porque a maioria das coisas que nós fizemos pareceu muito importante para o roteiro. Foi basicamente a nossa função mover a história para frente, sempre que nós aparecÃamos, e é por isso que eu acho que nós saÃmos na última parte do filme ou coisa assim, porque nós não éramos mais necessários para a história. Eu acho que eu estava planejando para que, quando nós recuperássemos maturidade mental, por assim dizer, e percebêssemos o imbecil que é o Rei Koopa, nós simpatizarÃamos com os Irmãos Mario e nós serÃamos parte de sua equipe. Nós os ajudarÃamos e, deste modo, serÃamos integrados na história. Acho que eles gostaram da ideia, mas eles nunca chegaram a imaginar como isso funcionaria.
RH: Bom, uma coisa interessante é que nós falamos com um dos escritores, Parker Bennett, e ele nos deu um documento inteiro de revisões em ADR [American Depositary Receipt] que, basicamente, nos mostra uma série de trechos de cenas que foram filmadas e, pelo menos, chegaram à fase de aparecerem no ADR. Portanto, há algumas coisas interessantes feitas com os seus personagens que não estão no filme. Uma delas-- me corrija se eu estiver errado, Steven-- acontece no inÃcio do filme quando Spike compra cachorros-quentes. Parece que houve uma pequena cena onde você na verdade vê o Spike comprando os cachorros-quentes e conversando com o vendedor.
RE: Esse sou eu?
RH: Sim.
RE: Eu... É, eu meio que me recordo disso, mas... Mas há uma cena com os cachorros-quentes no filme, certo?
RH: Certo. Ele está andando na rua como se ele já os tivesse comprado, então teria de ter algo antes disso.
RE: [A cena] onde eu vejo o vendedor?
RH: Isso, isso.
RE: Hm. Eu não sei. Eu me lembro de fazer essa gracinha visual na qual eu esbarro num vidro. Tinha esses dois trabalhadores carregando um vidro. Eu fiquei muito orgulhoso disso porque a minha reação aconteceu a uns 90 centÃmetros de distância do vidro, mas, do modo como eles filmaram, não deu para perceber. Assim, o sincronismo tinha de ser perfeito e a minha reação tinha de ser perfeita. Foi uma espécie completa de comédia fÃsica, o que eu gosto, então eu fiquei muito orgulhoso por aquele momento, no qual parecia que eu realmente esbarrei num anteparo de vidro. Essa é a mágica do cinema. Eu não esbarrei no vidro de verdade [risos].
RH: [A cena] funciona porque você anda na direção do vidro e dá para ouvir o efeito sonoro, e isso também convence.
RE: Sim, e a minha sincronização, também. Minha facilidade incrÃvel com a comédia fÃsica.
RE: Bom, uma outra cena é, como você estava dizendo, quando os seus personagens saÃram. Os documentos de revisão dizem que há uma cena — depois de vocês terem sidos "desevoluÃdos" — onde Spike e Iggy dizem "é hora de arranjar um outro emprego", e então ambos dizem "hm..." enquanto vistoriam a suÃte do Koopa. Então, vocês olham para a torre do Koopa e pensam em assumir o seu trabalho ou coisa parecida.
RE: Ceeerto. Eu me lembro vagamente disso, mas nós meio que desaparecemos por algum tempo e depois voltamos. Acho que foi uma espécie de tentativa de nos forçar de volta ao enredo, mas acho que não funcionou.
RH: Bom, no filme em si, a última vez que vemos Iggy e Spike é quando eles mostram a Daisy onde seu pai, a grande bola de fungos, está. Então, eles dizem "viva para lutar outro dia". É muito misterioso. É quase como se Iggy e Spike tivessem algum tipo de plano. Eles simplesmente dizem que vão "viver para lutar outro dia" e, quietamente, saem da sala. Quando você assiste o filme, parece que eles estão secretamente se dirigindo a algum lugar, e você nunca vê eles, então você imagina o que--
RE: Acho que isso só aconteceu por causa da natureza mutável do roteiro e pelos personagens terem mudado — ou, pelo menos, a percepção era a de que eles tinham mudado —, e eles queriam de alguma forma integrá-los ao filme; mas eu acho que eles nunca discutiram sobre isso e nós acabamos correndo. Eu acho que a coisa mais importante foi quando nos disseram "ah, sim, e falando nisso, Rocky e Annabel não estão mais conosco. E o Dean vai dirigir o resto do filme", e eu estava tipo "tudo bem... contanto que os cheques ainda compensem". Eu acho que naquele ponto nós tÃnhamos escrito um roteiro coerente, e estávamos tipo "vamos terminar". Mas estávamos num lugar tão confortável, e sendo tão bem pagos, que essa era uma daquelas coisas que nós poderÃamos escrever sem se preocupar; e, quando [o filme] foi lançado, não se deu bem e foi reprovado pela crÃtica, então eu vi que isso não me surpreendia tanto.
RH: Curiosamente, Iggy e Spike simplesmente vão embora do filme, mas depois há uma cena bônus no final, após os créditos. Eu acho que vocês estão no apartamento dos Irmãos Mario e há dois empresários japoneses.
RE: Ah, sim! Sim, sim, sim, sim. Não sei se isso foi ideia minha — eu creio que tenha sido, mas eu posso estar levando crédito demais , mas nós irÃamos trocar de lados, basicamente, e nos tornar amigos e ajudantes dos Irmãos Mario. Então, eles perceberam que estavam fazendo um serviço para o filme e para nós simplesmente pensando "então, vamos tentar envolvê-los de alguma forma para levá-los de volta", e tudo aquilo foi escrito muito tarde. Eu acho que isso foi apenas uma tentativa de nos lançar de volta ao filme e de resolver a nossa história.
RH: Legal. Bem, há algumas horas nós entrevistamos Robert Rothbard, o diretor de produção. Ele não se lembrava se isso aconteceu com Iggy ou Spike, mas ele disse que se lembra de uma cena com "o personagem de Richard Edson" onde você tinha que escalar um edifÃcio, e havia alguma coisa com vapor envolvida.
RE: Vapor?
RH: Sim, e foi apenas disso que ele se lembrou. Ele disse algo sobre eles terem filmado isso de modo errado, exigindo algumas tomadas para que ficasse bom; porém, isso não está no filme. É algo sobre o seu personagem escalando um edifÃcio.
RE: Certo... hã. Talvez isso tenha relação com as jaulas. Eu me lembro que eles tinham jaulas empilhadas dentro das quais eles colocavam prisioneiros ou algo do tipo.
RH: Sim, isso acontece no departamento de polÃcia.
RE: Talvez seja algo relacionado a isso ou a algum tipo de espionagem. Eu não me lembro porque quando eles normalmente tinham ideias para nossos personagens, geralmente elas não faziam sentido, então eu não prestava muita atenção nelas. Mas as ideias que nós criamos normalmente faziam mais sentido [risos], então essas são as que eu mais me lembro, mas eu vagamente me recordo de algo relacionado a escalar, e talvez tenha acontecido na estação de polÃcia.
SA: Bom, semelhante a isso, ouvimos do artista de maquiagem Jeff Goodwin que eles tentaram filmar uma cena na parte do Brooklyn, onde Spike ou Iggy comem uma mosca do pára-brisa de seu carro com uma lÃngua esticável, mas isso não pôde ser feito.
RE: Não foi feito? Será que eles não fizeram algo parecido? Eles animaram isso?
RH: Não está no filme.
RE: Eu me lembro, e eu acredito que tenha sido o personagem do Fisher, porque ele comprou alguns lagartos e ele os deixava onde ele costumava ficar somente para estudar os movimentos dos lagartos; e eu acho que foi ele que teve essa ideia. Então, eles tinham um departamento de efeitos especiais para trabalhar com esse... extensor de lÃngua. Eu me lembro de ver isso... Ninguém fez isso? Não há nada parecido com isso no filme?
RH: Bom, a única coisa que se aproxima disso é quando o pequeno dinossauro Yoshi, que tinha uma lÃngua pequena e esticável, aparece e derruba Lena, o personagem de Fiona Shaw. Essa é a única coisa similar.
RE: Hm. Isso definitivamente foi ideia do Fisher. Eu me lembro de ver alguma coisa, então talvez eles tenham filmado isso e pediram para os caras do CGI fazerem algum tipo de gracinha com isso, porque eu me lembro de ver essa cena e pensar que ela acabou ficando muito boa; mas talvez não tenha havido espaço para colocá-la.
SA: Então, [Fisher] estava baseando seus movimentos num lagarto?
RE: É. Aquele modo espasmódico de se mover era baseado na ideia de que, já que eles tinham sido evoluÃdos a partir dos répteis ao invés dos mamÃferos, eles teriam algum tipo de indicação disso. Eu acho que eu também talvez tenha incoporado algumas destas coisas em meus movimentos.
SA: Vocês tinham algum tipo de dinossauro ou réptil em mente ou os diretores disseram que seus personagens descenderam de alguma coisa em particular?
RE: Não. Não, tudo era muito vago, e eu achava que várias ideias eram simplesmente bobas demais. Infantis, imaturas. Toda a história do cachorro-quente... tudo parecia tão bobo. Eu não sei, tÃnhamos alguma coisa sobre os cachorros-quentes; sobre cachorros. Sobre comer cachorros. Era simplesmente uma piada ruim sobre cachorros.
SA & RH: Sim [risos].
RE: Isso está no filme?
RH: Sim. Você dá o cachorro-quente ao Iggy e diz "eles dizem que é de cachorro", então vocês começam a comer os cachorros-quentes sem os pães [risos].
RE: Certo, certo. Nós jogamos os pães pela janela e vemos a Daisy. "Hey, lá está a Daisy!"
SA & RH: Isso.
RE: Uma besteira idiota [risos].
SA: É bem engraçado fora no contexto, mas dentro do filme é um pouco ridÃculo. De qualquer modo, isso é um pouco relacionado com a questão da descendência dos répteis, mas eu reparei que o seu corte de cabelo no filme é diferente do seu corte de cabelo em outros filmes. Já que o cabelo de Dennis Hopper era reminiscente dos dinossauros e Mojo Nixon tinha um cabelo espiral, você sabe se eles pretendiam fazer alguma coisa em particular com o seu cabelo ou com o cabelo de Fisher?
RE: Hmm. Não, mas a ideia de raspar as laterais e a parte de trás foi minha. Eu pensava, "já que nós somos personagens cartunizados, vamos fazer algo que seja o mais radical possÃvel", e eu acho que eu apresentei a ideia para eles e Rocky e Annabel pareciam muito submissos a tudo o que nós pensávamos; e eu acho que a maioria das coisas que nós criávamos eram boas ideias e melhorias. Eu fiquei chocado com a baixa quantidade de direção e envolvimento que eles pareciam ter ao fazer decisões assim. Então, eles definitivamente não tinham nenhuma participação nisso e, com relação ao figurino, eles tinham algumas ideias definitivas e acho que eles podem ter tomado algumas sugestões nossas. Eu tinha um tipo de camisola atlética debaixo do meu paletó; alguma coisa assim. Eu acho que foi ideia minha usar isso. As roupas são tão selvagens e de alto escalão que foi muito divertido trabalhar com elas.
Todos os profissionais no filme foram ótimos. Eles eram os melhores e, em alguns filmes, você encontra pessoas com as quais é realmente fácil de trabalhar, especialmente se você é um ator. Eles gostam de trabalhar com você e todos eles incorporam suas ideias. Eles respeitam o fato de que você não é somente um visual, e sim, um personagem, e você tem que andar por aà com esses trajes... e, se você não estiver confortável com eles, isso vai afetar o seu personagem. É assim, bem profissional. Eu me lembro de me divertir trabalhando com eles e também de elaborar o rap com eles.
Nós tivemos alguns ensaios com as coreógrafas e dançarinas, e uma delas era muito linda. Eu tinha uma queda por ela; ela parecia mais velha do que era de verdade, porque eles a colocaram em trajes sumários que a fizeram parecer mais velha. Eu falei para as pessoas da coordenação local de talentos, "eu posso pedir pra sair com ela ou coisa assim?", e eles me recomendaram, "bem, venha à nossa casa e nós teremos um jantar". Havia dois — um casal —, mais essa garota. Eu me lembro de aparecer no jantar, e a garota parecia ter uns 14 anos de idade e estava tão tÃmida, tão intimidada, que não conseguia nem mesmo formar uma frase. Ela estava muito nervosa e eu fiquei tipo "ah, meu Deus. O que diabos eu estou fazendo aqui?". Eu me lembro que eles eram sulistas bem simples, e a refeição era um tipo de galinha, que era basicamente de frango com arroz e uma lata de sopa de cogumelos Campbell derramada por cima. Foi muito horrÃvel.
SA & RH: [risos]
RE: A garota não tinha nada a dizer. Eu me senti muito estranho, e eles também não tinham nada a dizer, exceto por eles terem os dois maiores aquários que eu já vi na vida. Um na sala de estar, e outro no banheiro. Imagine [em comparação] a maior TV que você já viu. Eles tinham umas 72 ou 100 polegadas. Era enorme. O lugar não era tão grande, então [os aquários] dominavam a casa inteira. "Okay". É bom sair de Nova York e Los Angeles e ver como as outras pessoas vivem, mas sei lá [risos]. Então, aquilo não deu certo. Mas ela estava muito linda no figurino, e disso eu tenho certeza [risos]; e era uma boa dançarina, mas eu acho que a maquiagem e todo o mais a fizeram parecer muito mais velha do que ela era na verdade.
SA: Quando você começou a entrevista, você disse que os seus personagens eram diferentes e que eles meio que os imbecilizaram.
RE: Sim, do roteiro que eu havia lido quando nós fizemos a audição até o novo roteiro. Eu fiquei bastante desapontado com ele. Todas essas piadinhas sem graça como a do "cachorro". Simplesmente não era engraçado. Eu não sei se isso foi por causa dos escritores ou se eles estavam sendo pressionados a criar coisas idiotas; eu me lembro que eles mesmos podem ter me dito que estava sendo muito difÃcil escrever, porque pediam a eles que imbecilizassem tudo.
SA: Bem, você se lembra da introdução animada no começo do filme com a narração de Dan Castellanata? Está no começo, onde aparecem dinossauros de desenho animado conversando. (...) Pediram aos escritores que produzissem coisas assim porque os executivos sentiram que o público não entenderia o conceito do filme, precisando de explicação. Então, muitas das coisas idiotas [do filme] foram ordens.
RE: Hm-hmm. É isso que o Parker te diz?
SA: Sim.
RE: Sim, foi assim que nos explicaram que o público-alvo era composto por crianças, e o roteiro original era um pouco mais vigoroso e maduro. Era mais um um tipo de filme para adolescentes do que para crianças. É loucura eles terem se colocado nessa posição sem ter um acordo de roteiro. Quando chegamos lá, ganhamos um novo roteiro que estava sendo reescrito e, então, começamos a filmar. Então, era como se eles realmente não soubessem qual era o tipo de filme que eles queriam fazer. Acho que isso é parte do motivo pelo qual o filme saiu do jeito que aconteceu, sem tirar vantagens do jogo e dos ambientes digitais nos quais você instantaneamente troca de mundos; como se entrasse num portal ou porta e se visse num novo ambiente. O único portal que apareceu foi o que está entre Brooklyn e o "Dino-world", que também, qual é... é um nome tão idiota. "Dino-world", certo? É isso? Ou "Dinópolis"? "Dinohattan"?
SA: Sim, é Dinohattan; é um trocadilho com "Manhattan", mas ao invés dos homens, há dinossauros.
RE: É, isso. É tão idiota. Quer dizer, é óbvio que não é engraçado. Não é nem inteligente.
SA: Bem, esse é o melhor nome que eles puderam criar, porque os nomes anteriores eram muito mais imbecis. Eles tinham "Dino-York" e "Dino-Yuck" — porque era um lugar "nojento". Então, acho que Dinohattan era a melhor coisa que eles poderiam criar no fim de tudo.
RE: Loucura.
SA: Isso não está no filme em si, apesar disso. Bem, mundos diferentes eram implÃcitos nos primeiros roteiros. Quando Koopa está mesclando as dimensões, por exemplo, ele e Mario alternam entre dimensões estranhas. Ryan e eu tÃnhamos a ideia de que algumas delas poderiam ser iguais ao jogo, e Parker achou que essa seria uma grande ideia. Infelizmente, eles ficaram sem dinheiro ou eles não quiseram gastar mais, então eles não puderam inserir efeitos apropriados [no filme]. Eles tinham uma leva de conceitos diferentes vindos dos games, mas, por algum motivo, eles não os colocaram.
RE: Sim. Como eu disse, eles nunca nos perguntaram nada [risos].
SA: Bem, visto que você falou sobre o jogo algumas vezes, estou curioso em saber o quanto você está familiarizado com os games que foram lançados naquela época.
RE: Bom, sabe, isso era no inÃcio e no meio da década de '80, eu trabalhava com música. Havia Pac-Man, Ms. Pac-Man, Donkey Kong e Super Mario Bros. Esses eram os games que estavam nos clubes naquela época. Você paga 25 centavos para jogá-los. Eu acho que eu era fanático por Donkey Kong, mas Super Mario Bros. era da mesma empresa, certo?
SA & RH: Sim.
RE: Havia aquela mesma impressão e aparência de desenho animado, e cada passo era como um mundo diferente, uma dimensão diferente... Asteroids, esse era o outro jogo. Então a única ciência e conexão que tive com o jogo em si foi basicamente quando eu o jogava depois da checagem de som; a checagem sonora acontecia à s 6 horas, e nós Ãamos jogar à s 11. TÃnhamos muito tempo de sobra, então eu me lembro bem. Eu nunca fui um grande jogador, mas eu me lembro de gostar muito de Super Mario Bros. e Donkey Kong. Então, foi aà que eu me familiarizei com eles e é por isso que eu fiquei tão desapontado [com o filme], porque o jogo dava uma impressão tão legal, a habilidade de alternar entre dimensões e mundos diferentes era tão instantânea, e cada mundo era como um novo lugar legal onde você queria chegar... que, quando eu percebi que tudo estava sendo produzido em design fÃsico e não em digital, eu pensei: "Eles não estão tirando vantagem do que o jogo tem a oferecer". E, quando Rocky e Annabel fizeram o primeiro filme verdadeiramente digital Max Headroom, [Super Mario Bros.] tinha aquela impressão de que havia sido projetado mais para um ponto de vista de animação do que para produção fÃsica.
Eu pensava, "eles vão fazer isso; eles devem ter grandes ideias para usar em Super Mario Bros.", mas eu continuei procurando por elas. "Cadê?" Eu não sei. Eu acho que talvez eles pensaram que Max Headroom era um filme pequeno e que este seria um grande filme, e tinha aqueles cenários gigantes e design caro de produção. Quer dizer, eles foram à cidade com o design, transformando aquela fábrica num mundo alternativo. Talvez aà é que foi aplicado todo o dinheiro, e talvez essa tenha sido a decisão errada.
RH: Falando sobre o investimento — e eu não sei o quanto você sabe sobre isso —, antes de Rocky e Annabel terem aparecido, eles tinham uma visão totalmente diferente do filme. Eles tinham um diretor diferente e um roteiro totalmente diferente. Era para ser um desenho animado com atores, basicamente, que se pareceria exatamente com os jogos.
RE: Com atores?
RH: Sim.
RE: Instalado digitalmente?
RH: Não temos certeza de como eles o teriam feito, mas nós vimos alguns dos modelos de design do cenário que eles pensaram em fazer e era muito mais parecido com os jogos em si. Eles avançaram bastante na produção até cancelar a ideia inteira, e eles já haviam gasto alguns milhões de dólares naquele ponto. Então, eles trouxeram Rocky e Annabel, que tinham um conceito totalmente diferente em mente; e o roteiro foi reescrito.
RE: Talvez eu sabia sobre algo relacionado a isso, mas naquela época não parecia importar tanto, porque eu sabia que havia uns três ou quatro roteiros antes do que nós lemos ali. Mas eu me lembro de o ler e ter aquela sensação de afundamento [risos], porque era muito bobo. Aquilo realmente tinha sido escrito para crianças de 5 anos ou algo do tipo. Esse parecia ser o público-alvo, mas ao mesmo tempo, tinha a Daisy em trajes sumários. Eu sei lá [risos]. Então, tem uma cena onde o Koopa e-- quem é a [personagem de] Fiona Shaw? A Rainha?
SA & RH: Lena.
RE: Lena, isso. Eles estão no quarto ou coisa parecida e nós descemos as escadas e há lama, ou algo parecido. Nós temos uma cena. Eu não sei o que estamos dizendo.
RH: É a cena onde você conta ao Koopa que os Irmãos Maio escaparam do túnel e estão no deserto?
RE: Isso. Isso mesmo. Nós aparecemos para fazer isso e Dennis [Hopper] entra e começa a berrar com os diretores porque eles tinham reescrito a cena e nós tÃnhamos que aprender [novas] falas; e ele não parava. É essa cena, mas a cena seguinte é na rua principal, então tinha uns mil figurantes esperando para que eles pudessem entrar na cena e gravá-la antes do horário de almoço, mas o Dennis não parava de gritar com eles. Foi muito vergonhoso. Ele só estava se expressando sobre o quanto eles estavam sendo amadores. [Ele dizia:] "Nós trabalhamos em tantos filmes. Isso nunca aconteceu comigo antes". Rocky e Annabel só estavam tentando fazê-lo se acalmar, [dizendo] "certo, Dennis; sentimos muito por isso", e tentavam explicar. Quando mais eles tentavam explicar, mais eles botavam lenha na fogueira. Fiona, que é uma atriz do Royal Shakespeare, estava tipo "ah, meu Deus. Eu nunca mais vou trabalhar em Hollywood. Isso é ridÃculo". Era verdade.
Eu estava boquiaberto, "ah meu Deus", e, literalmente, aquilo continuou e continuou. Ele não parava. Ele simplesmente não conseguia parar e eu acho que Jake e Roland chegaram. Todos tentaram conversar e ele só continuou a gritar com eles. "É muito amadorismo! Como eles esperam que eu lide com esse tipo de trabalho!"
RH: Espera. Tudo isso aconteceu quando ele estava deitado na lama ou quando ele já havia saÃdo da lama?
RE: Ele estava fora da lama. Não, isso foi bem antes de ter entrado na lama. Isso foi antes mesmo de termos feito a cena. Então, finalmente, eles anunciaram o horário de almoço mais cedo, pretendendo continuar essa discussão no escritório do produtor durante o almoço, e eles pediram para Fisher e eu aparecermos por lá — e eu não fazia ideia do porquê. Eles queriam a gente. Mas nós fomos lá, é claro, e o Dennis continuava a massacrar os diretores, e nós só ficamos sentados ali. Eles trouxeram o almoço e o Fisher e eu ficávamos olhando um para o outro tentando não rir, porque era muito engraçado. Tudo isso foi engraçado. E Rocky e Abbanel eram tão vitimizados e Roland [e Jake eram] ingleses respeitáveis. De tão respeitáveis, esse "selvagem", o Dennis, estava ficando doido com eles e nada do que eles diziam funcionava.
E já havia passado umas duas horas ou duas horas e meia com ele prosseguindo e prosseguindo e se repetindo com variações, sei lá, e finalmente Rocky e Annabel disseram: "Por favor, Dennis, nos diga o que você quer que nós façamos. Nós vamos fazer qualquer coisa que você quiser". E eles o imploraram. Aà ele olhou para eles como se eles estivessem malucos e disse: "por que vocês estão me perguntando? Eu não sou o escritor. Sou só um ator".
RH: Uau.
RE: E eles ficaram tipo, "mas o que você quer que a gente faça?", e ele "é você que tem que me dizer", e eles "por que você não faz exatamente do modo que está escrito?". Ele disse, "certo". Então, depois de três horas, ele concorda em fazer exatamente do modo que havia sido reescrito e foi assim que nós fizemos. Eu sei lá. Eu acho que ele tomou muitas drogas ou coisa do tipo. Ele não estava completamente presente na cena. Ele meio que se tornou um "republicano de Countryclub", também. Eu me lembro de conversar com ele em algumas festas. Ele usa camisetas tipo pacaw. É como se fosse o "selvagem de Hollywood", e agora ele tinha se tornado um republicano jogador de golfe. Eu fiquei tipo, "mas que diabos". Essa é uma boa propaganda para não usar drogas.
Mas eu vi ele e disse: "Dennis, estou curioso. Eu concordo contigo sobre o amadorismo, mas você não acha que fazer o que você fez pode ter causado um impacto negativo não somente na cena, como também em todas as pessoas que estavam lá? Como nós? Nós tÃnhamos que passar por toda aquela coisa, e isso pode ter afetado nossa atitude e nossa atuação". E ele responde, "sabe, eu nunca pensei nisso. Você está certo, você está certo. Você está certo. Sim, sim, sim, você está certo. Obrigado por me dizer isso. Me desculpe", e então ele vai embora. E aÃ? [risos]
SA: [risos]
RH: [risos] Eu acho que a cena que você está falando foi escrita de forma melhor originalmente. Eu não sei o que eles mudaram, mas acho que havia quase um sub-roteiro para o qual eles decidiram não dar tanto destaque, então eles reescreveram a cena. Ah, e falando nisso, parece que havia um subtexto polÃtico no filme — e tudo isso foi removido — onde o Koopa estava concorrendo à reeleição e Iggy e Spike explicam a Mario e Luigi sobre "Koopa, o Esportista" e "Koopa, o Ambientalista", e por aà vai, e depois disso, vocês estão no caminhão de lixo e conversam com ele sobre a Estátua da Repressão, que é a versão deles da Estátua da Liberdade. Você se lembra disso?
RE: Sim. Vagamente, vagamente. Parece que havia muitas ideias e nenhuma delas foi desenvolvida tão bem. É como se nenhum de nós tivesse sido investido no resultado final. Nós concordamos em participar deste empreendimento maluco; vamos simplesmente concordar em sobreviver com a nossa sanidade intacta. Essa parecia ser a abordagem de todos os atores: ser profissional [sobre o projeto], tentar melhorá-lo quando era possÃvel e ser profissional quando não era possÃvel.
RE: E é difÃcil não tomar essa atitude se você estiver vivendo tão bem na cadeia alimentar, sabendo que está sendo bem mais pago do que provavelmente deveria, e você não vai desistir. Você está vivendo bem e está se divertindo, apesar de tudo. Quer dizer, essa não foi a minha pior experiência, porque todo mundo estava legal. Até mesmo Rocky e Annabel estavam se sentindo bem, exceto por eles serem uma besta diretora de duas cabeças, que não concordavam entre si. Mas o fato de terem nos dado liberdade para criar nossos diálogos e coisas assim deixou de lado o estresse de ter de lidar com Rocky e Annabel, porque eles nunca nos dirigiram. No fim, acho que eles e os escritores ficaram satisfeitos e isso nos deu algo a fazer; sabe, algo criativo a fazer. Nós estávamos gostando disso.
Mas eu acho que parte do fato de eles estarem tão claramente fora de seu elemento aconteceu porque eles vieram de animações e comerciais. Esta foi a primeira oportunidade deles numa produção grande, ao estilo de Hollywood. Três coisas [em dirigir] são: trabalhar com os atores, contar uma história e lidar com uma produção daquele tamanho; parecia que eles não estavam prontos, que eram incompetentes em todos esses sentidos [risos]. E o fato de que eles estavam brigando e que não concordavam um com o outro... foi isso que explodiu a minha mente. Como eles poderiam estar nessa posição sem haver concordância? Ou eles concordaram em discordar ou, basicamente, ignoraram um ao outro. Como eles iam para casa? Acho que eles acabaram se divorciando ou algo do tipo.
RH: É, eles se divorciaram.
RE: Mas eles ficaram juntos por bastante tempo depois do fato. Eles pretendiam fazer um comercial; tipo um comercial da Coca-Cola, ou coisa parecida. O que eles estão fazendo agora?
SA: Eles estão dirigindo separadamente em empresas diferentes. Ambos ainda fazem comerciais. Eu sei que Annabel recentemente dirigiu a adaptação de uma novela muito bem recebida, mas eles não têm feito nada mais em Hollywood.
RE: Legal, legal. Individualmente, eles eram agradáveis. Especialmente Rocky, que eu me lembro de ser um cara bem simpático. Annabel era a mais intensa do casal.
SA: Você tem mais histórias sobre interações com outros atores?
RE: Agora que me vem à mente, há uma coisa muito estranha. Fisher e Samantha dividiram uma casa na praia em Wilmington. Minha casa não ficava na praia, mas sobre a água da baÃa. Eles preferiam ficar bem na praia, e Fisher ficava no andar de cima enquanto Samantha ficava no andar de baixo. Eu me lembro que Fisher estava namorando com a Michelle Pfeiffer naquela época e ela sempre visitava, mas ela era uma pessoa muito tÃmida. Não era muito extrovertida, e um dos lagartos do Fisher estava doente, de modo que esse se tornou o "projeto" dela. Ela cuidou do lagarto, o levou para veterinários e passou o dia todo procurando por um veterinário na área que fosse especializado em lagartos. Ela o carregava por todo o lugar e eu pensei, "eita, isso é meio obsessivo"; ela era uma menina legal, mas era do tipo que sempre tinha que ter uma tarefa para fazer, e essa era a tarefa, cuidar do lagarto. Para curá-lo.
Mas aÃ, eu fui lá outro dia e a Samantha disse "tem alguma coisa estranha nesta casa". "Como assim estranha?" "O porão." "Como assim, o porão?" "Bem, desça até lá e me conte como você se sente", e eu disse "sobre o que você está falando?" Então, ela apontou para a porta; então, eu abri a porta e desci dois degraus e tive o sentimento mais assustador do mundo. Eu ainda me lembro disso. Minha pele começou a arrepiar, eu desci mais alguns degraus e parecia que eu estava entrando num freezer ou coisa parecida; eu tive o pressentimento ou imagem de que alguma coisa muito terrÃvel tinha acontecido ali embaixo. Havia um restante daquela coisa. E eu disse, "eu não vou descer lá", então corri para cima, fechei a porta e perguntei pra Samantha, "o que diabos foi isso?!". Ela respondeu, "eu te disse, não disse?" e eu fiquei tipo " que aconteceu? O que é isso?"
"Bem, a mulher que alugou a casa disse que algo terrÃvel aconteceu ali embaixo. Uma garota tinha sido aprisionada e estuprada, assassinada ou coisa do tipo." Eu fiquei surpreso. Eles não me disseram isso antes de eu ter descido lá. Eu não entendi como é que ela conseguia morar no lugar sabendo que você não pode nem mesmo abrir uma porta. Eu não sei. Enfim. Talvez esse tenha sido o poder da sugestão, mas eu me lembro disso [risos].
RH: Uau.
RE: Isso não teve nada a ver com Super Mario Bros.
SA & RH: [risos]
Richard Edson ["Spike"]: Certo. Pode disparar.
Ryan Hoss [webmaster do Super Mario Bros. The Movie Archive]: Okay. Primeiro, você pode falar um pouco sobre como você conseguiu o papel? Você teve que fazer alguma audição ou coisa do tipo? Como você se envolveu com o projeto?
RE: Essa é uma boa pergunta. (...) Isso é muito estranho porque eu costumo me lembrar de coisas assim, mas não me recordo... Ah, não, não! Eu fiz uma audição. Eu fiz. Foi engraçado porque eles fizeram o teste com duas pessoas ao mesmo tempo, ambos Iggy e Spike. Então, eles teriam duas pessoas entrando ao mesmo tempo, o que é estranho, porque você está basicamente competindo um contra o outro. Então, você não está numa situação de atuação na qual você gosta de trabalhar com alguém, mas basicamente, você quer ultrapassar a outra pessoa. Você não liga para o que o outro está fazendo. Então, eu me lembro de ter acontecido num estúdio de pesquisa da zona oeste de Hollywood; o cara com quem eu estava, eu me lembro dele estar muito nervoso, então eu tive que me acalmar ao mesmo tempo que o ignorava totalmente. Eu me lembro de ter sido difÃcil porque eu tive que fazer o meu ato e responder a ele, mas ele não estava me dando o que eu precisava, então acabei fazendo apenas o meu ato. Eu me lembro de nós andando juntos e ele sentindo que havia estragado tudo — o que ele meio que fez. Eu não me lembro do nome dele, mas foi assim que consegui a minha parte. (...) Aconteceu provavelmente na primavera daquele ano. Qual era, '94? '93?
RH: Provavelmente em '92. (...) Foi lançado no verão de 1993, então foi filmado em 1992.
RE: Então foi na primavera de 1992. O mais legal é que fizemos tudo em Wilmington, Carolina do Norte; na época era um "direito trabalhista" do Estado, ou seja, eles não reconheciam as uniões de modo que muitas empresas rumavam para a Carolina do Norte para trabalhar, porque era mais barato e... bom, não era lá um filme da Disney. Foi um filme independente. O Jake Shields... Não, era Jake...
RH: Jake Eberts [produtor do filme].
RE: "Jake Shields". Você sabe quem é Jake Shields?
RH: Não faço a menor ideia [risos].
RE: Ele é um lutador de MMA [risos]. (...) Eu estava em Nova York na época e, já que eu pretendia ficar lá por 10 semanas, eu dirigi de Nova York até Carolina do Norte, o que foi muito divertido, durante dois dias. Peguei um monte de estradas vicinais e acabei num lugar chamado... Como era o nome? "O Pântano". Ele era localizado na fronteira entre a Virginia e a Carolina do Norte. Era um ótimo nome. (...) Enfim, eles estavam gastando muito dinheiro para que nós nos sentÃssemos bem. Eu me alojei numa casa que tinha uns três dormitórios. Era localizada numa porção de água, e eu tinha um barco, assim como uma quadra de basquete — era como uma casa na qual as pessoas poderiam ficar juntas. Okay. Eu preciso de outra pergunta.
RH: Okay, bem, eu acho que a minha próxima pergunta é se o teste foi apenas para Spike, ou também foi para o Iggy? Ou foram partes intercambiáveis?
RE: Apenas para Spike. Eu tenho certeza de que foi para Spike, e eu não sabia quem interpretaria o Iggy antes de participar, que acabou sendo Fisher Stevens, o qual eu havia conhecido em Nova York. Mas o Fisher, ele é um ator um tanto quanto competitivo e eu poderia dizer naquele momento que isso acabaria se tornando, possivelmente, um problema. Tivemos a leitura através do primeiro ou segundo dia em que estivemos lá, onde todos os atores se reuniram com os diretores e, sabe, eram Annabel [Jankel] e Rocky [Morton]; ninguém sabia, na verdade, como tudo funcionaria com um "diretor de duas cabeças". Esta foi a nossa primeira vez juntos, e Bob Hoskins — que era o protagonista do filme, o mais famoso —, você o via reunido com Fiona Shaw, John Leguizamo e Fisher. Então, você tinha um monte de gente com uma forte formação teátrica.
Dennis Hopper não estava lá naquele dia, mas havia muita gente com esse peso teátrico e estávamos fazendo esse tipo de filme "cartoon" cujo roteiro estava sendo constantemente revisado; mas o script que tÃnhamos lido originalmente era diferente do script que lemos quando chegamos lá, porque estava sendo constantemente reescrito. Fiquei um pouco decepcionado com o novo roteiro, porque parecia ter imbecilizado tudo e fez com que todos parecessem muito bobos, pois antes ele era mais sólido. Em todo caso, todos nós nos reunimos na sala de leitura e isso causou muito nervosismo, porque era a primeira vez em que todos estavam juntos e lendo o roteiro juntos; fazÃamos nossas partes e é como se isso definisse o quanto você quer ser aquele personagem, como uma coisa experimental. Mas o interessante é que uma das primeiras falas foi de Bob Hoskins, o Mario, e ele as leu numa voz completamente monótona, sem inflexão nenhuma, apenas lendo por ler. Então, isso foi muito interessante, porque meio que deixou todos mais descontraÃdos. Se ele estava lendo o roteiro só por ler, todos poderiam se sentir mais descompromissados, o que é uma coisa boa. Eu gosto disso porque podemos nos familiarizar com o roteiro e com os outros, e não havia muita pressão; porém, certamente não houve nenhuma vivacidade, então, quando terminou, eu esperava que os diretores dissessem algo como "certo, essa foi uma boa primeira leitura. Vamos conversar sobre isso e pensar em ideias com relação aos nossos personagens", e isso e aquilo.
Mas o que aconteceu foi que os diretores ficaram "ohh, isso foi maravilhoso. Isso foi ótimo", e nos elogiaram. Foi aà que tive a primeira noção de que nós poderÃamos ter um problema, porque foi uma oportunidade de começar a fazer algo, mas eles ficaram satisfeitos e queriam prosseguir com outra coisa. Essa foi a única vez em que nós realmente ficamos juntos assim e tivemos a oportunidade de trabalhar nos personagens e no roteiro. Quando os diretores recusaram essa oportunidade, eu fiquei tipo "uh-oh". Então, isso meio que definiu o tom para o resto do filme [risos].
Steven Applebaum [editor/recursos humanos do Super Mario Bros. The Movie Archive]: É, parece que Rocky e Annabel não ligavam muito para os personagens ou para a história. Eles estavam interessados no visual.
RE: É. O que não era tão bom!
SA: Na verdade, acho que os visuais são ótimos, mas o filme em si sofre uma carência de roteiro necessário.
RE: Você disse que eles são ótimos?!
SA: Sim.
RE: Ah, você gosta dos visuais? Eu fiquei desapontado porque a maior parte do visual era do tipo design de produção, e não efeitos digitais. Tinha alguns efeitos visuais, mas na maior parte era design — e eles tinham pego uma velha fábrica de cimento que acabou se tornando o set de filmagens, mas em termos de efeitos... eu acho que foi uma oportunidade desperdiçada, porque a ideia principal de Super Mario Bros. era a de que cada fase era como um portal para outro reino, o que encaixaria perfeitamente numa aproximação mais digital ao design.
Mas lá, você tinha o Brooklyn e também... como é o nome? "Dino-Land" ou coisa assim?
RH & SA: Dinohattan.
RE: Isso, isso. Então, em termos de visuais, foi apenas um design de produção forte e não foi concebido do modo que achei que serviria melhor. É, eles definitivamente não pareciam muito interessados na história ou no diálogo ou em nada desse tipo. Ou nos personagens [risos].
SA: O que é uma vergonha, porque os personagens eram muito bons, especialmente o modo como foram originalmente descritos; até mesmo dentro do filme você pode ver o quanto eles são bons, mas nenhum deles é resolvido de modo que as pessoas os apreciem.
RE: Especialmente Iggy e Spike.
SA: Ah, definitivamente.
RE: Eles eram como um adendo. Pareciam. Mas eu acho que parte disso é porque o roteiro ficava mudando. O que é mesmo interessante é que, na noite em que deverÃamos fazer a nossa primeira cena, que era a cena de nós observando a Daisy na rua com um diálogo vai-e-vem, o diálogo escrito para nós era muito ridÃculo, então Fisher e eu criamos um plano para dar-lhes uma alternativa. "Vamos escrever nossa própria sugestão de diálogo e, se tivermos tempo, vamos fazer o deles e, em seguida, vamos fazer o nosso". Então, nós fizemos o deles, e ficou previsivelmente ridÃculo, mas nós fizemos o melhor; e então, nós dissemos "hey, Annabel, Rocky... Nós tomamos a liberdade de melhorar o diálogo. Querem ouvir?". [Eles disseram] "Sim, sim, sim. Vamos filmá-lo", e nós tÃnhamos tudo preparado. Então, nós fizemos o nosso diálogo, ele ganhou risos, eles adoraram e o diálogo foi eventualmente usado; a partir daquele momento nós ganhamos a permissão e a licença para reescrever o nosso diálogo, criar novas cenas e qualquer outra coisa. Eles ficaram tão felizes que Fisher e eu começamos a trabalhar nas cenas criando nossos próprios diálogos; chegamos num ponto onde nós nem usarÃamos mais o diálogo deles.
E foi uma loucura, porque eu nem me lembro deles nos perguntando o que era. Nós apenas entrávamos, ensaiávamos e, então, filmávamos. Sabe aquela coisa toda com... eu me lembro de nós nos tornando mais espertos e entrando na máquina... Acredito que aquilo tenha sido ideia minha e, sabe, eu meio que me inspirei em O Mágico de Oz, quando o mágico dá ao Leão a sua coragem e ao Homem de Lata seu coração, e por isso, eu usei todos esses cálculos. Eu sairia da máquina e teria todos esses cálculos matemáticos. Eu apareço com isso e multiplico um número estranho como 1.099 por si mesmo, e resulto num número que ninguém nunca iria verificar que, na verdade, seria a raiz quadrada de qualquer número que eu tenha dito que era, e eles ficaram tipo "ah sim, isso é ótimo! É, é, é...".
Mas o que aconteceria é que Fisher e eu dividirÃamos as falas em exatamente 50% para cada. Então, se ele tinha uma fala, eu tinha uma fala. Se eu tinha duas falas, ele tinha duas falas. Nós nunca conversamos sobre isso, mas eu sabia que, com Fisher sendo o tipo de cara que gosta de ser o centro das atenções, eu tinha de ter bastante cuidado para ter certeza de que estávamos em 50% até o final: ele tinha uma fala, eu tinha uma fala. Fala, fala, fala, fala; vai-e-vem, vem-e-volta; e essa é uma das formas com que concebemos nossos personagens e também o modo como planejamos trabalhar juntos.
SA: Bom, o engraçado sobre a resposta que você dá para aquele cálculo matemático é a de que ela está, na verdade, errada.
RE: Ela está errada?
RH: Sim. Bem, no filme você diz "qual é a raiz quadrada de 26.481", e a resposta que você dá é 191; quando, na verdade, essa é a raiz quadrada de 36.481.
RE: Ah, bom, acho que eu tentei memorizá-lo, mas quando chegou a hora, eu não pude lembrar e fiquei tipo "somente os nerds cinéfilos extremos como vocês vão tentar--
RH & SA: [risos]
RE: --tentar decifrar isso", então eu fiquei tipo "eu é que não vou arruinar a performance tendo que decorar isso..."; eu não me lembro porque memorização — e coisas do tipo — não é o meu forte, de qualquer modo, então eu tentei decorar o número certo, mas quando estava na hora da minha atuação eu já estava tipo "eu vou dizer qualquer número que pipocar na minha cabeça. Se estiver certo, certo, se não estiver, eles vão entender", então, obrigado por me lembrar disso.
RH & SA: [risos] Bem, sabe, o engraçado é que eu acabei de imaginar algo ao escutar você falando sobre ter sido influenciado por O Mágico de Oz. Naquele filme, quando o Espantalho ganha seu diploma e diz aquele monte de coisas para fazer com que ele se pareça esperto... as coisas que ele diz nesse filme também estão erradas.
RE: Ah, legal. Então venho de uma boa tradição.
RH: Então, ela realmente funciona muito bem.
RE: Ah, legal. Sinta-se livre para falar sobre isso. Eu realmente não me importo. Não é algo com o qual estou particularmente orgulhoso ou envergonhado. Foi muito engraçado porque, dada toda a liberdade para fazer o que querÃamos fazer, também ganhamos a responsabilidade de tornar tudo excelente, mas era estranho, porque o fato de nos tornarmos inteligentes nunca teve muito a ver com a história, partindo desse ponto. Acho que foi mais para demonstrar as capacidades da máquina, que algumas pessoas ficariam espertas e que outras seriam regredidas. Algumas pessoas poderiam evoluir, e outras, regredir. É isso mesmo, que eu me lembre?
RH & SA: Sim.
RE: Então foi um tipo de demonstração da máquina. Mas é engraçado porque nós conversávamos sobre ela o tempo todo com eles. "Okay, e agora, o que acontece?", porque nós meio que desaparecemos lá pela última terça parte do filme ou coisa parecida, mas eles não pareciam tão preocupados com isso [risos].
SA: Na verdade, essa é uma mudança interessante, porque no roteiro de filmagem original, temos Iggy e Spike desevoluÃdos e ainda mais burros. Então, eles originalmente retornaram para a última terça parte do filme, mas eles não fazem nada a partir desse ponto a não ser comer lixo.
RE: É, e surgimos com a ideia de que seria mais interessante e mais divertido se, de repente, nos tornássemos espertos, e conseguimos... Eu acho que a ideia era basicamente a de percebermos que estávamos trabalhando para este idiota, o Rei Koopa, e simpatizarmos com os Super Mario Bros. (...)
SA: Quanto à evolução/desevolução de seus personagens, algumas pessoas pensam que eles na verdade ainda estão burros, considerando que Spike faz aquele cálculo errado e que eles mais tarde dirigem o carro para fora do penhasco no deserto. Na verdade, eles não estão mais espertos, apenas com um vocabulário maior.
RE: Bem... [risos] Quer dizer, foi... Eu acho que foi uma tentativa de nossa parte de adicionar um outro elemento à história, do qual nunca foram tiradas vantagens, então acho que isso pode ser visto desse modo. Então, sim, eu acho que nós erramos os cálculos [risos] e dirigimos para fora do penhasco.
E eu acho que na época em que estávamos dirigindo por sobre o penhasco, eles tinham demitido os diretores e o diretor de fotografia. É isso mesmo, o diretor de fotografia original foi demitido logo depois da primeira semana, e o diretor de fotografia vencedor do Oscar Dean Semler foi contratado; foi quando demitiram o Rocky e a Annabel. Eu nem sei se eles os demitiram. Eles só disseram para eles deixarem a produção, e o Dean assumiu. E, tão ineficaz como eram Rocky e Annabel, Dean foi ainda pior, porque eu me lembro que sua direção era basicamente-- ele é um cara enorme... e sua direção se baseava em te empurrar para o lugar no qual você deveria estar. Ele dizia: "ah, não, não! Não fique aà parado! Fique aqui!". Ele é um cara enorme, e eu me lembro que ele quase me erguia e me colocava para baixo, e eu ficava tipo "ah, tudo bem. Esse é o seu estilo de direção". Ele não era tão preocupado com personagens e história. Basicamente, ele estava apenas preocupado com a composição.
Então, acho que por esse ponto foram umas três semanas adicionais. Nós todos estávamos sendo pagos, mas todos estavam praticamente desistindo, e estávamos basicamente contando as horas, porque não fazia sentido. Nada realmente fez algum sentido em toda a produção até aquele ponto, exceto que nós estávamos tendo um verão ótimo; foram provavelmente, que eu me lembre, umas 10 ou 12 semanas curtindo a vida na Carolina do Norte. Sabe, ganhando mais dinheiro do que nunca, obtendo minha própria casa e barco.
Eu me lembro de quando minha irmã e sua famÃlia vieram me visitar, e é óbvio que eu tinha mais do que espaço suficiente para hospedá-los. Aà eu levei eles para o set de filmagens, e eu me lembro daquele dia por causa dos Goombas — eles tinham que usar essas ombreiras enormes de alumÃnio que estendiam o tamanho do corpo, e no topo das ombreiras tinha uma cabecinha, e eles podiam projetar o figurino a partir daquela coisinha estrutural de dentro, e esses caras andavam o dia todo no verão carregando toneladas de roupas e infraestrutura de alumÃnio, sei lá — e, por isso, eles tinham uma massagista para eles em tempo integral, as quais eles não aproveitavam muito... mas eu gostaria de aproveitar o tempo todo!
Ela era uma garota local muito bacana, e estava lá, sendo paga e mais do que feliz em fazer massagem nas pessoas, e então eu me lembro que eu estava levando o meu sobrinho Eric para passear, [dizendo] "hey, Eric. É aqui que os Goombas ficam", e eu mostrei-lhe todos os Goombas, as fantasias e as cabecinhas; [a massagista] estava disponÃvel, então eu disse "hey, Eric. Espera um segundo. Eu vou receber uma massagem rápida", e é claro, eu me esqueci dele e saÃ... ele ficou chorando porque eu tinha abandonado ele. Eu ainda me sinto mal por isso. E olha que ele era um garoto forte, ele não chorava muito. Eu acabei deixando ele ali, sentado, basicamente, num quarto cheio de fantasias vazias de Goombas enquanto eu tive uma massagem maravilhosa.
RH & SA: [risos]
RE: Eu acho que foi um pouco perturbador para ele. Imagino se ele já conseguiu superar aquilo.
SA: Bem, é lamentável que no momento em que eles começaram aquela sequência do deserto, a filmagem tenha sido menos trabalhada, porque toda a sequência do deserto tinha de ser um respiradouro para o filme. Eles só se apressaram com ela porque queriam voltar à ação, e o terceiro ato realmente sofre por causa disso.
RE: Ah, se você diz... [risos] Eu fiquei sabendo que vocês iam me perguntar sobre o rap. Como é que vocês ficaram sabendo disso?
RH: Há um card no jogo de troca de cartas que tem uma foto de vocês fazendo rap e uma pequena descrição sobre a cena. Foi aà que ouvimos sobre isso pela primeira vez, mas também há a revista Super Mario Bros. The Movie, que traz uma página com Iggy e Spike com a letra completa [do rap].
RE: É mesmo?
RH: Sim, é isso que parece ser.
RE: Ah, legal, poque tÃnhamos muita liberdade e eu acho que "nós" — Fisher e eu, assim como todos os demais no elenco — acreditávamos que o filme precisava do máximo de melhoria possÃvel. Nós tivemos uma ideia que era uma espécie de introdução à cena do clube noturno. Ela tinha algo a ver com o pequeno cristal; o Koopa estava procurando por ele naquele momento, e estava com a Daisy... ou com outra pessoa. Tanto faz. Basicamente, a cena tinha todas as dançarinas de Wilmington. Qualquer garota que pudesse dançar foi contratada para essa cena de coreografia elaborada que funcionava como a introdução para o clube noturno. Então, o Fisher e eu, é claro, sendo altruÃstas e pensando apenas no filme, percebemos que "bom, dançarinas são legais, mas... não seria ótimo se isso fosse integrado com algo que tenha mais a ver com os personagens?". Então, tivemos essa ideia. E por "nós", quero dizer "eu", mas ainda estando naquele modo em que tivemos que dividir tudo. Era sempre "nós", mas foi definitivamente eu que surgi com isso por causa da minha formação musical.
"King Kooper the pooper scooper" era o refrão, e nós trabalhamos com isso e eu pensei... o que nós tÃnhamos? Na verdade eu tinha uma pequena máquina de ritmo, ou gravei um ritmo, ou consegui um ritmo em algum lugar, e o coloquei num gravadorzinho para ensaiarmos em cima disso; em seguida, nós o levamos para o set, e dissemos "hey, Rocky, Annabel. Nós temos esse pequeno rap que pretendemos fazer. AdorarÃamos tocá-lo para vocês". E foi engraçado porque isso aconteceu durante a filmagem de alguma coisa e havia, tipo, 25 pessoas ao redor, então pensamos em dar a eles a ideia de, mais tarde, nos movermos para um lugar um pouco mais privado... foi quando eles disseram "ah, tudo bem, vamos ouvir", e nós dissemos "agora?", e eles "sim, por que não?". Já que a caixa de som estava conosco, nós a ligamos, tocamos e todos eles adoraram. Todo mundo adorou. Foi decidido, então, que [o rap] seria uma parte da cena do clube noturno. Eu acho que nós filmamos. Eles fizeram a coreografia em torno da música... e, para a nossa decepção, eles tiveram que cortar a cena. Steve, você me disse que o motivo que os levou a retirar a cena era porque achavam que fosse um pouco madura demais, ou algo do tipo?
SA: Sim, essa é uma de nossas teorias, porque temos algumas fotos dessa cena, e há algumas dançarinas picantes, insuficientemente vestidas, cuja exibição direta pode não ter sido aprovada num filme direcionado às crianças.
RE: Eu acho que ficaria bom. Eu não faço ideia. Eles nunca me contaram ou me perguntaram sobre isso, então eu fiquei decepcionado porque foi algo muito divertido de fazer, e nós o fizemos muito bem, porque, assim como todos, nós trocamos nossas linhas e depois fizemos um coro unÃssono, como um rap de verdade.
Eu já tinha contato com o gênero rap e o Fisher fez um pequeno estudo sobre isso, então ele aprendeu tudo bem rápido, e eu mostrei a ele como fazê-lo, e nós fizemos. Mas essa é a única coisa que eu me lembro, "King Kooper the pooper scooper".
RH: Nós podemos te mandar a página. Nós a temos online.
RE: Ah, legal. Sério? (...) E eu me lembro-- Ah, esta é uma outra história engraçada... Eu tinha um bigode?
RH: Tipo um cavanhaque.
RE: Eu tinha um cavanhaque. Certo. Nós trabalhamos dois dias e então nós tivemos uma semana de folga, e então eu voltei para o trailer de maquiagem e me sentei para aparar a barba, porque deixei ela crescer um pouco, e o cara da maquiagem fez o serviço. [Porém, eu disse] "Ah, não, não. O cavanhaque não está igual. Acho que você ainda tem que fazer alguma coisa. Você tem que aparar mais ou coisa do tipo". E ele me disse: "Não, eu não preciso. Está igual". Eu disse, "não, não está igual. É o meu personagem. Eu conheço", e ele me disse "você está tentando me ensinar a fazer o meu trabalho?". Eu disse: "Não, mas eu sei como ele era", e então ele começou a gritar comigo e me disse para "sair da %$#@ do seu trailer de maquiagem". Eu fiquei tipo, "você tá zoando com a minha cara?", e ele ficou lá, gritando, e eu me irritei muito. Eu saà de lá porque ele parecia descontrolado. Aà eu parti, e acho que fui falar com o produtor, que era o Jake...
RH: Roland?
RE: Eu acho que foi o Roland, sim. Eu falei para ele: "Olha só. Isso é inaceitável. Ele está errado e você tem que fazer alguma coisa com relação a isso porque eu não posso nem olhar para esse cara, e se eu tiver que trabalhar com ele...". Então, ele foi lá, e o jogo virou quando eles viram as fotos e perceberam que eu estava obviamente certo. Então, ele disse "bem, você está certo. Ele pede desculpas". [Eu disse:] "Não. Eu quero que ele peça desculpas para mim na frente de todo mundo". Então, o cara o fez, e eu disse algo como "agora faça a %$#@ do seu trabalho do jeito que você deveria". Eu não sei qual era o problema dele, porque ele não era um cara ruim, e foi uma coisa da qual nós acabamos rindo depois; mas isso foi uma parte de toda a experiência na qual as coisas não estavam do jeito que deviam estar.
RH: Falando de novo sobre o rap, você se lembra exatamente de como ocorreu a transição da cena? Estou tentando imaginar como ela funcionou no filme.
RE: A cena não é introduzida pela música e pela dança?
RH: Sim. Iggy, Spike e os Irmãos Mario entram no clube com os trajes de discoteca que vocês deram, e então Iggy e Spike vão ao bar tomar um drinque enquanto os Irmãos Mario estão na pista de dança.
RE: Ahh. Certo. Eu acho que eles devem ter filmado... Bom. Eu não sei, para falar a verdade. Talvez quando nós chegássemos, eles estariam na pista de dança enquanto nós estarÃamos fazendo o rap. Eu não tenho certeza. É claro, havia dois escritores lá. O roteiro mudava o rempo todo. Havia Roland, e havia Jake. Todo mundo gostava do fato de que todos estávamos trabalhando juntos, mas acho que isso talvez tenha sido uma daquelas coisas do tipo "bem, nós vamos pensar nisso mais tarde. Vamos consertar isso na edição"; ou, talvez, esse possa ter sido o motivo [para o corte da cena]: não houve transição, então eles não poderiam fazer com que a cena funcionasse dessa maneira. Mas isso é especulação total da minha parte.
RH: Certo. Bom, há um tempo nós conversamos com o editor. Steven, ele não disse que a cena já estava no filme em certo ponto como uma cópia de trabalho?
SA: Acredito que sim. A única coisa que eu me lembro com certeza é a de que eles disse que a cena não foi removida para diminuir a classificação etária. Ele não disse nada sobre a classificação, mas isso foi apenas a memória dele. Nós não podemos ter certeza de nada a este ponto.
RE: Eu acho que um monte de pessoas sentiram que tudo havia acabado porque Rocky e Annabel chegaram ao ponto em que — e nós percebemos isso bem rápido — eles nos davam comandos completamente contrários. Algo como "você entra bem devagar e sério" ou "você entra bem rápido e frenético". Simplesmente algo completamente contraditório. Por isso, nós não sabÃamos em quem-- Eles eram bem parecidos em termos de autoridade, então ficávamos mais ou menos assim: "a quem nós devemos dar ouvidos?" Então, basicamente, nós ignoramos os dois e fazemos o nosso próprio caminho, o que foi bom, porque nós tÃnhamos um ao outro. Acho que foi assim também com John [Leguizamo] e Bob [Hoskins]. Eles tinham que fazer o que eles queriam, porque eles podiam trabalhar um com o outro. Bob estava feliz porque, quer dizer, qualquer direção que nós tomávamos era bem básica, mas se você receber direções opostas, tudo fica mais confuso, pra dizer o mÃnimo. Então, nós acabamos ignorando eles [risos].
Partes do rap podem ser vistas no clipe da Entertainment Tonight a partir do segundo :26
RH: Então, em termos de cenas deletadas, parece que há muita coisa que não foi para o filme, do mesmo modo que o rap. De improviso, você se lembra de alguma coisa que tenha feito com Iggy e Spike que não esteja no filme?
RE: Não. Eu acho que é a única coisa, porque a maioria das coisas que nós fizemos pareceu muito importante para o roteiro. Foi basicamente a nossa função mover a história para frente, sempre que nós aparecÃamos, e é por isso que eu acho que nós saÃmos na última parte do filme ou coisa assim, porque nós não éramos mais necessários para a história. Eu acho que eu estava planejando para que, quando nós recuperássemos maturidade mental, por assim dizer, e percebêssemos o imbecil que é o Rei Koopa, nós simpatizarÃamos com os Irmãos Mario e nós serÃamos parte de sua equipe. Nós os ajudarÃamos e, deste modo, serÃamos integrados na história. Acho que eles gostaram da ideia, mas eles nunca chegaram a imaginar como isso funcionaria.
RH: Bom, uma coisa interessante é que nós falamos com um dos escritores, Parker Bennett, e ele nos deu um documento inteiro de revisões em ADR [American Depositary Receipt] que, basicamente, nos mostra uma série de trechos de cenas que foram filmadas e, pelo menos, chegaram à fase de aparecerem no ADR. Portanto, há algumas coisas interessantes feitas com os seus personagens que não estão no filme. Uma delas-- me corrija se eu estiver errado, Steven-- acontece no inÃcio do filme quando Spike compra cachorros-quentes. Parece que houve uma pequena cena onde você na verdade vê o Spike comprando os cachorros-quentes e conversando com o vendedor.
RE: Esse sou eu?
RH: Sim.
RE: Eu... É, eu meio que me recordo disso, mas... Mas há uma cena com os cachorros-quentes no filme, certo?
RH: Certo. Ele está andando na rua como se ele já os tivesse comprado, então teria de ter algo antes disso.
RE: [A cena] onde eu vejo o vendedor?
RH: Isso, isso.
RE: Hm. Eu não sei. Eu me lembro de fazer essa gracinha visual na qual eu esbarro num vidro. Tinha esses dois trabalhadores carregando um vidro. Eu fiquei muito orgulhoso disso porque a minha reação aconteceu a uns 90 centÃmetros de distância do vidro, mas, do modo como eles filmaram, não deu para perceber. Assim, o sincronismo tinha de ser perfeito e a minha reação tinha de ser perfeita. Foi uma espécie completa de comédia fÃsica, o que eu gosto, então eu fiquei muito orgulhoso por aquele momento, no qual parecia que eu realmente esbarrei num anteparo de vidro. Essa é a mágica do cinema. Eu não esbarrei no vidro de verdade [risos].
RH: [A cena] funciona porque você anda na direção do vidro e dá para ouvir o efeito sonoro, e isso também convence.
RE: Sim, e a minha sincronização, também. Minha facilidade incrÃvel com a comédia fÃsica.
RE: Bom, uma outra cena é, como você estava dizendo, quando os seus personagens saÃram. Os documentos de revisão dizem que há uma cena — depois de vocês terem sidos "desevoluÃdos" — onde Spike e Iggy dizem "é hora de arranjar um outro emprego", e então ambos dizem "hm..." enquanto vistoriam a suÃte do Koopa. Então, vocês olham para a torre do Koopa e pensam em assumir o seu trabalho ou coisa parecida.
RE: Ceeerto. Eu me lembro vagamente disso, mas nós meio que desaparecemos por algum tempo e depois voltamos. Acho que foi uma espécie de tentativa de nos forçar de volta ao enredo, mas acho que não funcionou.
RH: Bom, no filme em si, a última vez que vemos Iggy e Spike é quando eles mostram a Daisy onde seu pai, a grande bola de fungos, está. Então, eles dizem "viva para lutar outro dia". É muito misterioso. É quase como se Iggy e Spike tivessem algum tipo de plano. Eles simplesmente dizem que vão "viver para lutar outro dia" e, quietamente, saem da sala. Quando você assiste o filme, parece que eles estão secretamente se dirigindo a algum lugar, e você nunca vê eles, então você imagina o que--
RE: Acho que isso só aconteceu por causa da natureza mutável do roteiro e pelos personagens terem mudado — ou, pelo menos, a percepção era a de que eles tinham mudado —, e eles queriam de alguma forma integrá-los ao filme; mas eu acho que eles nunca discutiram sobre isso e nós acabamos correndo. Eu acho que a coisa mais importante foi quando nos disseram "ah, sim, e falando nisso, Rocky e Annabel não estão mais conosco. E o Dean vai dirigir o resto do filme", e eu estava tipo "tudo bem... contanto que os cheques ainda compensem". Eu acho que naquele ponto nós tÃnhamos escrito um roteiro coerente, e estávamos tipo "vamos terminar". Mas estávamos num lugar tão confortável, e sendo tão bem pagos, que essa era uma daquelas coisas que nós poderÃamos escrever sem se preocupar; e, quando [o filme] foi lançado, não se deu bem e foi reprovado pela crÃtica, então eu vi que isso não me surpreendia tanto.
RH: Curiosamente, Iggy e Spike simplesmente vão embora do filme, mas depois há uma cena bônus no final, após os créditos. Eu acho que vocês estão no apartamento dos Irmãos Mario e há dois empresários japoneses.
RE: Ah, sim! Sim, sim, sim, sim. Não sei se isso foi ideia minha — eu creio que tenha sido, mas eu posso estar levando crédito demais , mas nós irÃamos trocar de lados, basicamente, e nos tornar amigos e ajudantes dos Irmãos Mario. Então, eles perceberam que estavam fazendo um serviço para o filme e para nós simplesmente pensando "então, vamos tentar envolvê-los de alguma forma para levá-los de volta", e tudo aquilo foi escrito muito tarde. Eu acho que isso foi apenas uma tentativa de nos lançar de volta ao filme e de resolver a nossa história.
RH: Legal. Bem, há algumas horas nós entrevistamos Robert Rothbard, o diretor de produção. Ele não se lembrava se isso aconteceu com Iggy ou Spike, mas ele disse que se lembra de uma cena com "o personagem de Richard Edson" onde você tinha que escalar um edifÃcio, e havia alguma coisa com vapor envolvida.
RE: Vapor?
RH: Sim, e foi apenas disso que ele se lembrou. Ele disse algo sobre eles terem filmado isso de modo errado, exigindo algumas tomadas para que ficasse bom; porém, isso não está no filme. É algo sobre o seu personagem escalando um edifÃcio.
RE: Certo... hã. Talvez isso tenha relação com as jaulas. Eu me lembro que eles tinham jaulas empilhadas dentro das quais eles colocavam prisioneiros ou algo do tipo.
RH: Sim, isso acontece no departamento de polÃcia.
RE: Talvez seja algo relacionado a isso ou a algum tipo de espionagem. Eu não me lembro porque quando eles normalmente tinham ideias para nossos personagens, geralmente elas não faziam sentido, então eu não prestava muita atenção nelas. Mas as ideias que nós criamos normalmente faziam mais sentido [risos], então essas são as que eu mais me lembro, mas eu vagamente me recordo de algo relacionado a escalar, e talvez tenha acontecido na estação de polÃcia.
SA: Bom, semelhante a isso, ouvimos do artista de maquiagem Jeff Goodwin que eles tentaram filmar uma cena na parte do Brooklyn, onde Spike ou Iggy comem uma mosca do pára-brisa de seu carro com uma lÃngua esticável, mas isso não pôde ser feito.
RE: Não foi feito? Será que eles não fizeram algo parecido? Eles animaram isso?
RH: Não está no filme.
RE: Eu me lembro, e eu acredito que tenha sido o personagem do Fisher, porque ele comprou alguns lagartos e ele os deixava onde ele costumava ficar somente para estudar os movimentos dos lagartos; e eu acho que foi ele que teve essa ideia. Então, eles tinham um departamento de efeitos especiais para trabalhar com esse... extensor de lÃngua. Eu me lembro de ver isso... Ninguém fez isso? Não há nada parecido com isso no filme?
RH: Bom, a única coisa que se aproxima disso é quando o pequeno dinossauro Yoshi, que tinha uma lÃngua pequena e esticável, aparece e derruba Lena, o personagem de Fiona Shaw. Essa é a única coisa similar.
RE: Hm. Isso definitivamente foi ideia do Fisher. Eu me lembro de ver alguma coisa, então talvez eles tenham filmado isso e pediram para os caras do CGI fazerem algum tipo de gracinha com isso, porque eu me lembro de ver essa cena e pensar que ela acabou ficando muito boa; mas talvez não tenha havido espaço para colocá-la.
SA: Então, [Fisher] estava baseando seus movimentos num lagarto?
RE: É. Aquele modo espasmódico de se mover era baseado na ideia de que, já que eles tinham sido evoluÃdos a partir dos répteis ao invés dos mamÃferos, eles teriam algum tipo de indicação disso. Eu acho que eu também talvez tenha incoporado algumas destas coisas em meus movimentos.
SA: Vocês tinham algum tipo de dinossauro ou réptil em mente ou os diretores disseram que seus personagens descenderam de alguma coisa em particular?
RE: Não. Não, tudo era muito vago, e eu achava que várias ideias eram simplesmente bobas demais. Infantis, imaturas. Toda a história do cachorro-quente... tudo parecia tão bobo. Eu não sei, tÃnhamos alguma coisa sobre os cachorros-quentes; sobre cachorros. Sobre comer cachorros. Era simplesmente uma piada ruim sobre cachorros.
SA & RH: Sim [risos].
RE: Isso está no filme?
RH: Sim. Você dá o cachorro-quente ao Iggy e diz "eles dizem que é de cachorro", então vocês começam a comer os cachorros-quentes sem os pães [risos].
RE: Certo, certo. Nós jogamos os pães pela janela e vemos a Daisy. "Hey, lá está a Daisy!"
SA & RH: Isso.
RE: Uma besteira idiota [risos].
SA: É bem engraçado fora no contexto, mas dentro do filme é um pouco ridÃculo. De qualquer modo, isso é um pouco relacionado com a questão da descendência dos répteis, mas eu reparei que o seu corte de cabelo no filme é diferente do seu corte de cabelo em outros filmes. Já que o cabelo de Dennis Hopper era reminiscente dos dinossauros e Mojo Nixon tinha um cabelo espiral, você sabe se eles pretendiam fazer alguma coisa em particular com o seu cabelo ou com o cabelo de Fisher?
RE: Hmm. Não, mas a ideia de raspar as laterais e a parte de trás foi minha. Eu pensava, "já que nós somos personagens cartunizados, vamos fazer algo que seja o mais radical possÃvel", e eu acho que eu apresentei a ideia para eles e Rocky e Annabel pareciam muito submissos a tudo o que nós pensávamos; e eu acho que a maioria das coisas que nós criávamos eram boas ideias e melhorias. Eu fiquei chocado com a baixa quantidade de direção e envolvimento que eles pareciam ter ao fazer decisões assim. Então, eles definitivamente não tinham nenhuma participação nisso e, com relação ao figurino, eles tinham algumas ideias definitivas e acho que eles podem ter tomado algumas sugestões nossas. Eu tinha um tipo de camisola atlética debaixo do meu paletó; alguma coisa assim. Eu acho que foi ideia minha usar isso. As roupas são tão selvagens e de alto escalão que foi muito divertido trabalhar com elas.
Todos os profissionais no filme foram ótimos. Eles eram os melhores e, em alguns filmes, você encontra pessoas com as quais é realmente fácil de trabalhar, especialmente se você é um ator. Eles gostam de trabalhar com você e todos eles incorporam suas ideias. Eles respeitam o fato de que você não é somente um visual, e sim, um personagem, e você tem que andar por aà com esses trajes... e, se você não estiver confortável com eles, isso vai afetar o seu personagem. É assim, bem profissional. Eu me lembro de me divertir trabalhando com eles e também de elaborar o rap com eles.
Nós tivemos alguns ensaios com as coreógrafas e dançarinas, e uma delas era muito linda. Eu tinha uma queda por ela; ela parecia mais velha do que era de verdade, porque eles a colocaram em trajes sumários que a fizeram parecer mais velha. Eu falei para as pessoas da coordenação local de talentos, "eu posso pedir pra sair com ela ou coisa assim?", e eles me recomendaram, "bem, venha à nossa casa e nós teremos um jantar". Havia dois — um casal —, mais essa garota. Eu me lembro de aparecer no jantar, e a garota parecia ter uns 14 anos de idade e estava tão tÃmida, tão intimidada, que não conseguia nem mesmo formar uma frase. Ela estava muito nervosa e eu fiquei tipo "ah, meu Deus. O que diabos eu estou fazendo aqui?". Eu me lembro que eles eram sulistas bem simples, e a refeição era um tipo de galinha, que era basicamente de frango com arroz e uma lata de sopa de cogumelos Campbell derramada por cima. Foi muito horrÃvel.
SA & RH: [risos]
RE: A garota não tinha nada a dizer. Eu me senti muito estranho, e eles também não tinham nada a dizer, exceto por eles terem os dois maiores aquários que eu já vi na vida. Um na sala de estar, e outro no banheiro. Imagine [em comparação] a maior TV que você já viu. Eles tinham umas 72 ou 100 polegadas. Era enorme. O lugar não era tão grande, então [os aquários] dominavam a casa inteira. "Okay". É bom sair de Nova York e Los Angeles e ver como as outras pessoas vivem, mas sei lá [risos]. Então, aquilo não deu certo. Mas ela estava muito linda no figurino, e disso eu tenho certeza [risos]; e era uma boa dançarina, mas eu acho que a maquiagem e todo o mais a fizeram parecer muito mais velha do que ela era na verdade.
SA: Quando você começou a entrevista, você disse que os seus personagens eram diferentes e que eles meio que os imbecilizaram.
RE: Sim, do roteiro que eu havia lido quando nós fizemos a audição até o novo roteiro. Eu fiquei bastante desapontado com ele. Todas essas piadinhas sem graça como a do "cachorro". Simplesmente não era engraçado. Eu não sei se isso foi por causa dos escritores ou se eles estavam sendo pressionados a criar coisas idiotas; eu me lembro que eles mesmos podem ter me dito que estava sendo muito difÃcil escrever, porque pediam a eles que imbecilizassem tudo.
SA: Bem, você se lembra da introdução animada no começo do filme com a narração de Dan Castellanata? Está no começo, onde aparecem dinossauros de desenho animado conversando. (...) Pediram aos escritores que produzissem coisas assim porque os executivos sentiram que o público não entenderia o conceito do filme, precisando de explicação. Então, muitas das coisas idiotas [do filme] foram ordens.
RE: Hm-hmm. É isso que o Parker te diz?
SA: Sim.
RE: Sim, foi assim que nos explicaram que o público-alvo era composto por crianças, e o roteiro original era um pouco mais vigoroso e maduro. Era mais um um tipo de filme para adolescentes do que para crianças. É loucura eles terem se colocado nessa posição sem ter um acordo de roteiro. Quando chegamos lá, ganhamos um novo roteiro que estava sendo reescrito e, então, começamos a filmar. Então, era como se eles realmente não soubessem qual era o tipo de filme que eles queriam fazer. Acho que isso é parte do motivo pelo qual o filme saiu do jeito que aconteceu, sem tirar vantagens do jogo e dos ambientes digitais nos quais você instantaneamente troca de mundos; como se entrasse num portal ou porta e se visse num novo ambiente. O único portal que apareceu foi o que está entre Brooklyn e o "Dino-world", que também, qual é... é um nome tão idiota. "Dino-world", certo? É isso? Ou "Dinópolis"? "Dinohattan"?
SA: Sim, é Dinohattan; é um trocadilho com "Manhattan", mas ao invés dos homens, há dinossauros.
RE: É, isso. É tão idiota. Quer dizer, é óbvio que não é engraçado. Não é nem inteligente.
SA: Bem, esse é o melhor nome que eles puderam criar, porque os nomes anteriores eram muito mais imbecis. Eles tinham "Dino-York" e "Dino-Yuck" — porque era um lugar "nojento". Então, acho que Dinohattan era a melhor coisa que eles poderiam criar no fim de tudo.
RE: Loucura.
SA: Isso não está no filme em si, apesar disso. Bem, mundos diferentes eram implÃcitos nos primeiros roteiros. Quando Koopa está mesclando as dimensões, por exemplo, ele e Mario alternam entre dimensões estranhas. Ryan e eu tÃnhamos a ideia de que algumas delas poderiam ser iguais ao jogo, e Parker achou que essa seria uma grande ideia. Infelizmente, eles ficaram sem dinheiro ou eles não quiseram gastar mais, então eles não puderam inserir efeitos apropriados [no filme]. Eles tinham uma leva de conceitos diferentes vindos dos games, mas, por algum motivo, eles não os colocaram.
RE: Sim. Como eu disse, eles nunca nos perguntaram nada [risos].
SA: Bem, visto que você falou sobre o jogo algumas vezes, estou curioso em saber o quanto você está familiarizado com os games que foram lançados naquela época.
RE: Bom, sabe, isso era no inÃcio e no meio da década de '80, eu trabalhava com música. Havia Pac-Man, Ms. Pac-Man, Donkey Kong e Super Mario Bros. Esses eram os games que estavam nos clubes naquela época. Você paga 25 centavos para jogá-los. Eu acho que eu era fanático por Donkey Kong, mas Super Mario Bros. era da mesma empresa, certo?
SA & RH: Sim.
RE: Havia aquela mesma impressão e aparência de desenho animado, e cada passo era como um mundo diferente, uma dimensão diferente... Asteroids, esse era o outro jogo. Então a única ciência e conexão que tive com o jogo em si foi basicamente quando eu o jogava depois da checagem de som; a checagem sonora acontecia à s 6 horas, e nós Ãamos jogar à s 11. TÃnhamos muito tempo de sobra, então eu me lembro bem. Eu nunca fui um grande jogador, mas eu me lembro de gostar muito de Super Mario Bros. e Donkey Kong. Então, foi aà que eu me familiarizei com eles e é por isso que eu fiquei tão desapontado [com o filme], porque o jogo dava uma impressão tão legal, a habilidade de alternar entre dimensões e mundos diferentes era tão instantânea, e cada mundo era como um novo lugar legal onde você queria chegar... que, quando eu percebi que tudo estava sendo produzido em design fÃsico e não em digital, eu pensei: "Eles não estão tirando vantagem do que o jogo tem a oferecer". E, quando Rocky e Annabel fizeram o primeiro filme verdadeiramente digital Max Headroom, [Super Mario Bros.] tinha aquela impressão de que havia sido projetado mais para um ponto de vista de animação do que para produção fÃsica.
Eu pensava, "eles vão fazer isso; eles devem ter grandes ideias para usar em Super Mario Bros.", mas eu continuei procurando por elas. "Cadê?" Eu não sei. Eu acho que talvez eles pensaram que Max Headroom era um filme pequeno e que este seria um grande filme, e tinha aqueles cenários gigantes e design caro de produção. Quer dizer, eles foram à cidade com o design, transformando aquela fábrica num mundo alternativo. Talvez aà é que foi aplicado todo o dinheiro, e talvez essa tenha sido a decisão errada.
RH: Falando sobre o investimento — e eu não sei o quanto você sabe sobre isso —, antes de Rocky e Annabel terem aparecido, eles tinham uma visão totalmente diferente do filme. Eles tinham um diretor diferente e um roteiro totalmente diferente. Era para ser um desenho animado com atores, basicamente, que se pareceria exatamente com os jogos.
RE: Com atores?
RH: Sim.
RE: Instalado digitalmente?
RH: Não temos certeza de como eles o teriam feito, mas nós vimos alguns dos modelos de design do cenário que eles pensaram em fazer e era muito mais parecido com os jogos em si. Eles avançaram bastante na produção até cancelar a ideia inteira, e eles já haviam gasto alguns milhões de dólares naquele ponto. Então, eles trouxeram Rocky e Annabel, que tinham um conceito totalmente diferente em mente; e o roteiro foi reescrito.
RE: Talvez eu sabia sobre algo relacionado a isso, mas naquela época não parecia importar tanto, porque eu sabia que havia uns três ou quatro roteiros antes do que nós lemos ali. Mas eu me lembro de o ler e ter aquela sensação de afundamento [risos], porque era muito bobo. Aquilo realmente tinha sido escrito para crianças de 5 anos ou algo do tipo. Esse parecia ser o público-alvo, mas ao mesmo tempo, tinha a Daisy em trajes sumários. Eu sei lá [risos]. Então, tem uma cena onde o Koopa e-- quem é a [personagem de] Fiona Shaw? A Rainha?
SA & RH: Lena.
RE: Lena, isso. Eles estão no quarto ou coisa parecida e nós descemos as escadas e há lama, ou algo parecido. Nós temos uma cena. Eu não sei o que estamos dizendo.
RH: É a cena onde você conta ao Koopa que os Irmãos Maio escaparam do túnel e estão no deserto?
RE: Isso. Isso mesmo. Nós aparecemos para fazer isso e Dennis [Hopper] entra e começa a berrar com os diretores porque eles tinham reescrito a cena e nós tÃnhamos que aprender [novas] falas; e ele não parava. É essa cena, mas a cena seguinte é na rua principal, então tinha uns mil figurantes esperando para que eles pudessem entrar na cena e gravá-la antes do horário de almoço, mas o Dennis não parava de gritar com eles. Foi muito vergonhoso. Ele só estava se expressando sobre o quanto eles estavam sendo amadores. [Ele dizia:] "Nós trabalhamos em tantos filmes. Isso nunca aconteceu comigo antes". Rocky e Annabel só estavam tentando fazê-lo se acalmar, [dizendo] "certo, Dennis; sentimos muito por isso", e tentavam explicar. Quando mais eles tentavam explicar, mais eles botavam lenha na fogueira. Fiona, que é uma atriz do Royal Shakespeare, estava tipo "ah, meu Deus. Eu nunca mais vou trabalhar em Hollywood. Isso é ridÃculo". Era verdade.
Eu estava boquiaberto, "ah meu Deus", e, literalmente, aquilo continuou e continuou. Ele não parava. Ele simplesmente não conseguia parar e eu acho que Jake e Roland chegaram. Todos tentaram conversar e ele só continuou a gritar com eles. "É muito amadorismo! Como eles esperam que eu lide com esse tipo de trabalho!"
RH: Espera. Tudo isso aconteceu quando ele estava deitado na lama ou quando ele já havia saÃdo da lama?
RE: Ele estava fora da lama. Não, isso foi bem antes de ter entrado na lama. Isso foi antes mesmo de termos feito a cena. Então, finalmente, eles anunciaram o horário de almoço mais cedo, pretendendo continuar essa discussão no escritório do produtor durante o almoço, e eles pediram para Fisher e eu aparecermos por lá — e eu não fazia ideia do porquê. Eles queriam a gente. Mas nós fomos lá, é claro, e o Dennis continuava a massacrar os diretores, e nós só ficamos sentados ali. Eles trouxeram o almoço e o Fisher e eu ficávamos olhando um para o outro tentando não rir, porque era muito engraçado. Tudo isso foi engraçado. E Rocky e Abbanel eram tão vitimizados e Roland [e Jake eram] ingleses respeitáveis. De tão respeitáveis, esse "selvagem", o Dennis, estava ficando doido com eles e nada do que eles diziam funcionava.
E já havia passado umas duas horas ou duas horas e meia com ele prosseguindo e prosseguindo e se repetindo com variações, sei lá, e finalmente Rocky e Annabel disseram: "Por favor, Dennis, nos diga o que você quer que nós façamos. Nós vamos fazer qualquer coisa que você quiser". E eles o imploraram. Aà ele olhou para eles como se eles estivessem malucos e disse: "por que vocês estão me perguntando? Eu não sou o escritor. Sou só um ator".
RH: Uau.
RE: E eles ficaram tipo, "mas o que você quer que a gente faça?", e ele "é você que tem que me dizer", e eles "por que você não faz exatamente do modo que está escrito?". Ele disse, "certo". Então, depois de três horas, ele concorda em fazer exatamente do modo que havia sido reescrito e foi assim que nós fizemos. Eu sei lá. Eu acho que ele tomou muitas drogas ou coisa do tipo. Ele não estava completamente presente na cena. Ele meio que se tornou um "republicano de Countryclub", também. Eu me lembro de conversar com ele em algumas festas. Ele usa camisetas tipo pacaw. É como se fosse o "selvagem de Hollywood", e agora ele tinha se tornado um republicano jogador de golfe. Eu fiquei tipo, "mas que diabos". Essa é uma boa propaganda para não usar drogas.
Mas eu vi ele e disse: "Dennis, estou curioso. Eu concordo contigo sobre o amadorismo, mas você não acha que fazer o que você fez pode ter causado um impacto negativo não somente na cena, como também em todas as pessoas que estavam lá? Como nós? Nós tÃnhamos que passar por toda aquela coisa, e isso pode ter afetado nossa atitude e nossa atuação". E ele responde, "sabe, eu nunca pensei nisso. Você está certo, você está certo. Você está certo. Sim, sim, sim, você está certo. Obrigado por me dizer isso. Me desculpe", e então ele vai embora. E aÃ? [risos]
SA: [risos]
RH: [risos] Eu acho que a cena que você está falando foi escrita de forma melhor originalmente. Eu não sei o que eles mudaram, mas acho que havia quase um sub-roteiro para o qual eles decidiram não dar tanto destaque, então eles reescreveram a cena. Ah, e falando nisso, parece que havia um subtexto polÃtico no filme — e tudo isso foi removido — onde o Koopa estava concorrendo à reeleição e Iggy e Spike explicam a Mario e Luigi sobre "Koopa, o Esportista" e "Koopa, o Ambientalista", e por aà vai, e depois disso, vocês estão no caminhão de lixo e conversam com ele sobre a Estátua da Repressão, que é a versão deles da Estátua da Liberdade. Você se lembra disso?
RE: Sim. Vagamente, vagamente. Parece que havia muitas ideias e nenhuma delas foi desenvolvida tão bem. É como se nenhum de nós tivesse sido investido no resultado final. Nós concordamos em participar deste empreendimento maluco; vamos simplesmente concordar em sobreviver com a nossa sanidade intacta. Essa parecia ser a abordagem de todos os atores: ser profissional [sobre o projeto], tentar melhorá-lo quando era possÃvel e ser profissional quando não era possÃvel.
RE: E é difÃcil não tomar essa atitude se você estiver vivendo tão bem na cadeia alimentar, sabendo que está sendo bem mais pago do que provavelmente deveria, e você não vai desistir. Você está vivendo bem e está se divertindo, apesar de tudo. Quer dizer, essa não foi a minha pior experiência, porque todo mundo estava legal. Até mesmo Rocky e Annabel estavam se sentindo bem, exceto por eles serem uma besta diretora de duas cabeças, que não concordavam entre si. Mas o fato de terem nos dado liberdade para criar nossos diálogos e coisas assim deixou de lado o estresse de ter de lidar com Rocky e Annabel, porque eles nunca nos dirigiram. No fim, acho que eles e os escritores ficaram satisfeitos e isso nos deu algo a fazer; sabe, algo criativo a fazer. Nós estávamos gostando disso.
Mas eu acho que parte do fato de eles estarem tão claramente fora de seu elemento aconteceu porque eles vieram de animações e comerciais. Esta foi a primeira oportunidade deles numa produção grande, ao estilo de Hollywood. Três coisas [em dirigir] são: trabalhar com os atores, contar uma história e lidar com uma produção daquele tamanho; parecia que eles não estavam prontos, que eram incompetentes em todos esses sentidos [risos]. E o fato de que eles estavam brigando e que não concordavam um com o outro... foi isso que explodiu a minha mente. Como eles poderiam estar nessa posição sem haver concordância? Ou eles concordaram em discordar ou, basicamente, ignoraram um ao outro. Como eles iam para casa? Acho que eles acabaram se divorciando ou algo do tipo.
RH: É, eles se divorciaram.
RE: Mas eles ficaram juntos por bastante tempo depois do fato. Eles pretendiam fazer um comercial; tipo um comercial da Coca-Cola, ou coisa parecida. O que eles estão fazendo agora?
SA: Eles estão dirigindo separadamente em empresas diferentes. Ambos ainda fazem comerciais. Eu sei que Annabel recentemente dirigiu a adaptação de uma novela muito bem recebida, mas eles não têm feito nada mais em Hollywood.
RE: Legal, legal. Individualmente, eles eram agradáveis. Especialmente Rocky, que eu me lembro de ser um cara bem simpático. Annabel era a mais intensa do casal.
SA: Você tem mais histórias sobre interações com outros atores?
RE: Agora que me vem à mente, há uma coisa muito estranha. Fisher e Samantha dividiram uma casa na praia em Wilmington. Minha casa não ficava na praia, mas sobre a água da baÃa. Eles preferiam ficar bem na praia, e Fisher ficava no andar de cima enquanto Samantha ficava no andar de baixo. Eu me lembro que Fisher estava namorando com a Michelle Pfeiffer naquela época e ela sempre visitava, mas ela era uma pessoa muito tÃmida. Não era muito extrovertida, e um dos lagartos do Fisher estava doente, de modo que esse se tornou o "projeto" dela. Ela cuidou do lagarto, o levou para veterinários e passou o dia todo procurando por um veterinário na área que fosse especializado em lagartos. Ela o carregava por todo o lugar e eu pensei, "eita, isso é meio obsessivo"; ela era uma menina legal, mas era do tipo que sempre tinha que ter uma tarefa para fazer, e essa era a tarefa, cuidar do lagarto. Para curá-lo.
Mas aÃ, eu fui lá outro dia e a Samantha disse "tem alguma coisa estranha nesta casa". "Como assim estranha?" "O porão." "Como assim, o porão?" "Bem, desça até lá e me conte como você se sente", e eu disse "sobre o que você está falando?" Então, ela apontou para a porta; então, eu abri a porta e desci dois degraus e tive o sentimento mais assustador do mundo. Eu ainda me lembro disso. Minha pele começou a arrepiar, eu desci mais alguns degraus e parecia que eu estava entrando num freezer ou coisa parecida; eu tive o pressentimento ou imagem de que alguma coisa muito terrÃvel tinha acontecido ali embaixo. Havia um restante daquela coisa. E eu disse, "eu não vou descer lá", então corri para cima, fechei a porta e perguntei pra Samantha, "o que diabos foi isso?!". Ela respondeu, "eu te disse, não disse?" e eu fiquei tipo " que aconteceu? O que é isso?"
"Bem, a mulher que alugou a casa disse que algo terrÃvel aconteceu ali embaixo. Uma garota tinha sido aprisionada e estuprada, assassinada ou coisa do tipo." Eu fiquei surpreso. Eles não me disseram isso antes de eu ter descido lá. Eu não entendi como é que ela conseguia morar no lugar sabendo que você não pode nem mesmo abrir uma porta. Eu não sei. Enfim. Talvez esse tenha sido o poder da sugestão, mas eu me lembro disso [risos].
RH: Uau.
RE: Isso não teve nada a ver com Super Mario Bros.
SA & RH: [risos]
Super Mario Bros. The Movie Archive, 31 de outubro de 2010. " Interview — Richard Edson (Spike)". Conduzida por Ryan Hoss (Phlibbit) e Steven Applebaum (Redstar). Copyright © 2007 - 2011 Ryan Hoss; direitos de tradução © Eduardo Jardim, Reino do Cogumelo.
Caraca que post grande!! Meus parabéns Jardim por traduzir tudo isso. IncrÃvel! O pessoal vai demorar até chegar aqui nos comentários XD
ResponderExcluirmaior post que já li nem li tudo ardeu o olho ;O)
ResponderExcluiradoro esse filme só nao intendo pq a daisy é loira ?
Uau,que documentário incrÃvel,foi interessante saber como foi que funcionou a gravação e como se desenvolveu a história,e eu também havia notado o erro naquela matemática,sabia que a conta estava errada.
ResponderExcluirEnfim,valeu Jardim,gosto muito do filme como muitos sabem,acho que você teve que traduzir,não?Deve ter dado um tremendo trabalho.
Meu Deus isso um post mega grande universal, deve ter demorado muito até traduzir!!!! Li só a metade pq se eu le-se tudo ia acabar la pra 2114
ResponderExcluir(exagerado eu ¬¬.)
Ainda não vi o filme (e acho q naum pretendo ver :(... ).
não posso dizer que foi o melhor filme do mundo, mas foi legal.
ResponderExcluirCaraca que post grande!!(2)
ResponderExcluirEu também nunca assistir esse filme, mas parece que sai um pouco da historia do Reino do Mario (e os personagens são estranhos).
Poxa, o filme foi um fracasso de bilheteria, mas é um classico em uma coleção Mariomaniaca, por isso que eu me orgulho de ter o DVD *-* (ta ok, é um VHS transvertido a DVD, mas eu tenho 0/), e bom ver o comentario de um cara que esteve vendo a coisa de dentro, Spike e Iggy, eram os Wario e Waluigi da epoca! \0/. SMB The Movie FTW!!
ResponderExcluirpo que poste enorme cara temos que panemisar o mario voi o pimero jogo filme
ResponderExcluirNossa fala sério, o pessoal ainda se importa com esse filme? o filme é horrÃvel e acho que o pessoal se força a gostar só porque é do Mario, pois é inegável dizer que o filme é ruim em todos os aspectos.
ResponderExcluirMas fora isso achei interessante a entrevista até onde li, apesar de esse ter sido um dos piores filmes da história da humanidade é interessante ver como as coisas funcionaram e a propósito, parabéns Jardim por traduzir tudo isso deve ter dado trabalho.
@Johnny Malvadinho
ResponderExcluirEu gosto do filme não porquê é do Mario,eu não me forçaria a tal humilhação,mais gosto porquê acho interessante,e você não vem falar que é o pior filme do mundo,pois existem piores do que esse.
Bruηø Ћηrq
ResponderExcluirCalma bruno, nem falei que é o pior do mundo, falei um dos piores da história da humanidade e isso é hipérbole, não quer dizer que seja.
Gostar é claro todos tem direito, mas não se pode negar a baixa qualidade de uma coisa porque você gosta dela, esse filme é muito ruim sim, mas você pode gostar dele afinal de contas quando se fala de arte a arte deve se comunicar conosco.
@Johnny Malvadinho
ResponderExcluirIsso é o ruim de comentar,você não consegue intrepertar o que você quer dizer,eu não disse com maldade,e concordo com você,o filme é ruim,nem tudo soão mares de rosas,e agora que você explicou seu comentário eu quero pedir desculpas por me achar rude.